segunda-feira, 15 de abril de 2024

Um Winchester Para Ringo - Parte 2

Cap. II - O "Serviço"
No dia marcado Ringo chegou a cavalo. Havia mesmo muitas pessoas em Culver City. O gado de lá era considerado bom e de boa qualidade. Ringo olhou sobre os ombros. Foi até uma viela e lá recebeu parte do dinheiro. 2 mil dólares; Era um adiantamento. Depois haveria mais 2 mil dólares pelo crime consumado. Ringo conferiu o tambor de seu revólver. Seis balas, tudo certo. Ele então caminhou pela rua principal e avistou o vereador abraçando alguns futuros eleitores e cidadãos em geral. Ringo colocou um cigarro entre os dentes e seguiu em frente.

Matar ele ali seria muito perigoso. Por isso esperou a noite chegar. O vereador Westmoreland tinha também suas falhas. Ele não resistia a um bom jogo de cartas. Ringo sabia disso. Assim o encontrou no saloon numa mesa de cartas. Esperou pacientemente o político jogar tudo, perder tudo, até seu juízo. Quando o relógio bateu 3 horas da manhã ele finalmente se levantou. Ringo seguiu seus passos pela rua. O sujeito não havia bebido. Se estivesse bêbado seria mais fácil.

Então ele entrou numa rua lateral. Iluminação zero. Lugar ideal. Ringo tirou sua arma do coldre. Rodou o tambor. Então chamou o homem. "Ei, Westmoreland, tudo bem? Deixe-me apertar a mão do futuro prefeito da cidade". O político parou, se virou e abriu um sorriso em direção a Ringo. Esse nem pensou duas vezes e atirou. Dois tiros certeiros no peito. O velho político colocou suas mãos nos buracos feitos pelas balas. Sentiu a morte chegando. Caiu com o rosto no chão. Poeira na língua. Ringo se abaixou. Conferiu se estava morto. Hora de ir embora. O barulho dos tiros chamou a atenção de algumas pessoas. Ele se esquivou e sumiu pelas sombras da noite. Trabalho feito.

No outro dia, perto da estação recebeu o dinheiro pelo trabalho feito. Ringo iria usar a grana para comprar um rifle Winchester novo, último modelo. Ossos do ofício. Ainda com os moradores da cidade em choque ele montou seu cavalo. Saiu da cidade como chegou, sem chamar muita atenção. Mais um serviço concluído. Nada mais a reclamar. Apenas rumar para a próxima cidade, para o próximo contrato manchado de vermelho sangue. Era a vida de Ringo.

Cap. III - Francis
Francis McCarthy chegou domingo pela manhã em Culver City. Ele estava na cidade novamente, agora para enterrar seu pai, o vereador John Westmoreland, morto na madrugada por um desconhecido. Foi uma cerimônia breve. Ele provavelmente seria o futuro prefeito da cidade se não houvesse sido morto. Francis estava desolado. Após as palavras finais do pastor ele decidiu ir até o gabinete do xerife. Queria maiores informações sobre o caso.

Armstrong Rooker era um velho homem da lei. Xerife há quase 15 anos no lugar. Ele não tinha nada de muito importante para dizer a Francis. O assassinato aconteceu durante a madrugada, não havia nenhuma testemunha dos tiros, ninguém viu o assassino. Era complicado, mas seu inquérito policial estava em um beco sem saída. O que ele poderia dizer é que tudo levava a crer que se tratava de um crime planejado, provavelmente executado por um profissional. Isso era tudo.

Francis não gostou do que ouviu. Ele queria justiça por parte das autoridades, mas se fosse necessário ele faria justiça pelas próprias mãos, outro nome para a conhecida vingança. Ao sair da delegacia se deparou com Billy Joe, o jovem assistente do xerife. Se o velho homem da estrela já estava cansado daquela vida, Joe tinha a vontade dos que estavam começando, dos que queriam subir na carreira. Ele chamou Francis de lado e disse que tinha algumas informações que poderiam lhe interessar.

No dia da morte de seu pai o conhecido pistoleiro Ringo Sinclair havia aparecido por lá. Ele dizia a quem encontrava que estava em Culver City para negociar cabeças de gado. Não convenceu praticamente ninguém. Era um assassino profissional. Claro, não havia nenhuma prova de que ele havia matado o vereador, nisso o xerife tinha razão, porém só a sua presença ali já era sinal de algo estava sendo escondido. Ringo não voltou a ser visto pelas ruas após a morte do vereador. Não havia como ligar seu nome ao crime, mas na falta de pistas aquilo poderia ser um começo. Francis ficou muito interessado em tudo o que ouviu. Eram apenas indícios, mas parecia ser uma boa aposta. Mal ele sabia que aquilo era mesmo um tiro no alvo, certeiro.

Pablo Aluísio.

3 comentários:

  1. Nesses filmes o que eu mais gostava era o som dos tiros que pareciam a ar. Um estampido de ar muito comprimido escapando. Nunca um som de tiro foi tão agradável como nesses bang-bangs. O som de um tiro de verdade é horroroso. A inocência é uma benção.

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  2. No cinema, de fato, tudo é bem mais legal...

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