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segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Ao Rufar dos Tambores

Um filme do mestre John Ford menos conhecido. Porém não menos importante. Na história um casal de jovens pioneiros se casa. Mal a cerimônia de casamento termina e eles já sobem em uma carroça em direção ao oeste. O marido, Gilbert Martin (Henry Fonda), comprou um rancho na fronteira. A esposa, Lana Magdelana (Claudette Colbert) é uma moça da cidade e fica assustada com a rudeza do lugar. Fica mais apavorada ainda quando encontra um velho índio, amigo de Gilbert, dentro de sua casa. Apesar desses sustos iniciais as coisas seguem até bem nos primeiros dias.

Só que estoura a guerra de independência das 13 colônias americanas. Os ingleses se aliam com tribos de índios que atacam e queimam as fazendas dos colonos, inclusive a casa onde vive o casal que protagoniza a história. Eles fogem, conseguem sobreviver e se instalam em um forte de madeira mantido e defendido pelos próprios habitantes da região. A guerra é feroz, muitos homens morrem no campo de batalha e Lana logo percebe como é dura a vida de uma mulher naquelas terras sem lei, forjadas na violência.

"Ao Rufar dos Tambores" é um filme muito bom, explorando a vida dos pioneiros do oeste em um momento muito delicado da história dos Estados Unidos. Há cenas emblemáticas, como a da apresentação da primeiras bandeira da nova nação para as pessoas que viviam na fronteira selvagem. Como é de praxe em filmes de John Ford ele também acrescentou alguns breves momentos de humor para não deixar o filme tão pesado. Henry Fonda, como sempre ótimo, mas quem acaba roubando a cena é a atriz que interpreta sua esposa, Claudette Colbert. Enfim, um filme que resgata a vida de pessoas comuns, no limiar do nascimento daquela jovem nação.

Ao Rufar dos Tambores (Drums Along the Mohawk, Estados Unidos, 1939) Direção: John Ford / Roteiro: Lamar Trotti, Sonya Levien / Elenco: Claudette Colbert, Henry Fonda, Edna May Oliver, Eddie Collins / Sinopse: Um casal de pioneiros tenta vencer na vida, em um rancho da fronteira, durante a guerra de independência dos Estados Unidos. No novo lar acabam sendo atacados por índios e ingleses, que lutam contra a separação do colônia do império britânico. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor atriz coadjuvante (Edna May Oliver).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

A Mocidade de Lincoln

Título no Brasil: A Mocidade de Lincoln
Título Original: Young Mr. Lincoln
Ano de Produção: 1939
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: John Ford
Roteiro: Lamar Trotti
Elenco: Henry Fonda, Alice Brady, Marjorie Weaver, Arleen Whelan, Eddie Collins, Richard Cromwell
  
Sinopse:
O sonho do jovem Abraham Lincoln (Henry Fonda) é se tornar um grande advogado. Até chegar lá porém ele terá que superar muitos desafios. Filho de uma humilde família da interiorana Hodgenville, no Kentucky, trabalhador rural, ele precisa mostrar seu valor nos estudos, mesmo sem muito apoio ou incentivo por parte de seus pais. O filme narra justamente os anos iniciais de sua vida profissional, quando apenas sonhava em vencer na vida.

Comentários:
Quando se fala em filmes sobre a figura do presidente Abraham Lincoln, sempre se lembra dessa produção dos anos 30. É um dos clássicos da brilhante carreira do mestre John Ford. O filme foi vencedor do Oscar na categoria de Melhor Roteiro (Lamar Trotti) justamente por romantizar os primeiros anos de atuação de Lincoln, quando ele era apenas um jovem advogado desconhecido, do interior do Kentucky. Apesar de ser inegavelmente um grande filme, desses para se ter em sua coleção, o fato é que há dois pequenos erros em sua narrativa. O primeiro diz respeito aos próprios fatos mostrados na tela, todos eles meramente ficcionais. Obviamente Lincoln realmente foi um advogado de interior antes de entrar na vida política. Isso é certo, porém os acontecimentos mostrados no filme, os detalhes, as causas, essas são frutos da imaginação do roteirista Lamar Trotti. Outro erro digno de nota vem da própria personalidade do protagonista. Interpretado por Henry Fonda, o jeito de ser e agir do seu Lincoln tem mais a ver com a imagem simbólica que ele construiu em seus anos na Casa Branca, do que com a do jovem advogado cheio de prosa que é encontrado nos livros de história. Em sua juventude Abraham Lincoln era dado a contar causos, piadas e anedotas divertidas, muitas delas explorando a vida de um homem simples do campo. Nada a ver com atitudes gloriosas, majestosas, da imagem oficial. O Lincoln da história era bem mais divertido. Assim o filme perde bastante no quesito veracidade histórica, embora como puro cinema é realmente uma excelente obra cinematográfica.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Consciências Mortas

Baseado no livro de Walter Van Tilburg Clark, o diretor William Welman construiu uma pequena obra-prima. Um libelo poucas vêzes visto num filme de faroeste. Tudo nessa obra é fatalista e minimalista - desde a pequena duração da fita até o cenário da minúscula cidade e do Vale de Ox- Bow, que de tão pequeno beira o sufocante. A história se passa em 1885 quando dois forasteiros, Gil Carter (Henry Fonda) e Art Croft (Harry Morgan) chegam à pequena cidade de Bridger's Wells. Cansados, os dois vão para o saloon mais próximo, a fim de beber e jogar conversa fora. Porém eles sentem o ambiente carregado de desconfiança devido aos constantes roubos de gado na região. Logo depois chega a terrível notícia sobre um fazendeiro de nome Kinkaid que tinha sido roubado e assassinado. Bastou esta notícia estourar para que vários homens da cidade - incluindo Carter e Croft - se unissem numa verdadeira caçada humana liderados pelo ex-major Tetley (Frank Conroy). Depois de muita procura o grupo encontra uma carruagem onde os guardas informam que três homens estão no Vale de Ox-Bow com algumas vacas que pertenciam ao vaqueiro assassinado.

Impossível não lembrar do extraordinário clássico e com o mesmo Henry Fonda, "12 Homens e Uma Sentença" produzido 14 anos depois. O enredo impecável revela a mão pesada que faz mover a roda da estupidez humana. É o ódio cego que transforma homens em bestas; inocentes em mortalhas, fazendo brotar em cada um daqueles vaqueiros os piores sentimentos possíveis. É o grito surdo da covardia, da injustiça e da terrível justiça com as próprias mãos. O filme é tão bom, que pouco a pouco o pequeno Vale de Ox-Bow vai se moldando à imagem e semelhança daquela trupe insana que busca vingança a qualquer preço; é a sombra negra do gólgota que pulveriza a justiça, negando, aos três infelizes, um julgamento decente e humano - apesar dos constantes apelos do forasteiro Gil Carter. A horda insana transforma Ox-Bow numa distopia monumental regada a muita ira e muita injustiça. A categoria do triunvirato formado por Henry Fonda, Dana Andrews e Anthony Quinn, dá um toque especial a um roteiro espetacular, capitaneado por uma direção primorosa de Welman. O final é arrebatador, surpreendente e emocionante. Realmente, um dos faroestes mais marcantes já produzidos. Nota 10

Consciências Mortas (The Ox-Bow Incident, EUA, 1943) Direção Willian Wellman / Roteiro: Lamar Trotti baseado na obra de Walter Van Tilburg Clark / Elenco: Henry Fonda, Dana Andrews, Mary Beth Hughes, Anthony Quinn, Willian Eythe, Harry Morgan, Jane Darwell, Frank Conroy / Sinopse: Neste western dois forasteiros tentam impedir o linchamento e enforcamento de três homens que provavelmente são inocentes na realidade.

Telmo Vilela Jr.

terça-feira, 27 de junho de 2023

A Vingança de Frank James

Esse filme foi uma espécie de sequência do clássico "Jesse James". Tudo se passa após a morte de Jesse James, ou seja, o enredo desse filme começa a partir do final do filme anterior. O elenco é excelente! A "Vingança de Frank James” traz vários atores do primeiro filme, embora também haja mudanças em relação ao elenco original. A ausência mais sentida é justamente a de Randolph Scott e Nancy Kelly pois seus personagens foram eliminados da trama dessa sequência. O ponto positivo fica com Henry Fonda que no papel de Frank James assume o filme como protagonista. Ele repete seu bom desempenho do filme anterior e segura muito bem as pontas. Um novo personagem é acrescentado na estória, Eleanor Stone, uma jovem jornalista que se interessa pela história dos irmãos James. Ela é interpretada pelo correta Gene Tierney. Outro destaque é a ótima interpretação de Henry Hull, o dono do jornal e advogado que vai ao tribunal defender Frank James.

O roteiro de “A Vingança de Frank James” toma várias liberdades com a história original. Embora Frank tenha sido realmente inocentado de todas as acusações (em dois e não em apenas um julgamento como se vê no filme) ele não teve qualquer ligação com a morte de Robert Ford, assassino de seu irmão Jesse James. No roteiro aqui Frank James sai no encalço de Robert Ford dentro de um estábulo. Na história real Ford foi morto em seu Saloon por um sujeito que queria ter a honra de matar o homem que matou Jesse James. Mesmo com a pouca fidelidade histórica o roteiro de “A Vingança de Frank James” é muito bem escrito, contando uma longa história sem se tornar cansativo e enfadonho. Além disso consegue se fechar muito bem em si mesmo. Tudo muito bem arranjado, mesmo que misture fatos reais com eventos meramente fictícios.

Houve uma mudança na direção. Saiu Henry King e entrou o genial Fritz Lang. Lang imprime um tom mais sério no filme mas ao mesmo tempo se mostra fiel à estrutura de dramaturgia do filme anterior. Os personagens de “Jesse James” que reaparecem aqui usam da mesma caracterização e tom, o que demonstra que Fritz Lang, apesar de ter sido um dos cineastas mais autorais da história do cinema mantém a espinha dorsal montada por Henry King em “Jesse James”. Fritz Lang foi escalado por Zanuck depois que esse teve alguns atritos com Henry King que não aceitava muito bem as inúmeras interferências do produtor em seu filme. O resultado final aqui como se nota é muito bom, mostrando que Fritz Lang também poderia ser um cineasta de estúdio, sem maiores vôos autorais como conhecemos de outros filmes seus.

Em termos de produção, nada a reclamar. Novamente se faz presente a mão forte de Darryl F. Zanuck como produtor. Embora não tenha sido creditado em “Jesse James” aqui ele fez questão de assinar o filme, fruto obviamente de seu grande sucesso. Ao lado de Fritz Lang construiu uma continuação de excelente nível. O produtor também interferiu bastante no roteiro e na escalação do elenco. Trocou alguns nomes e eliminou personagens. Foi dele inclusive a idéia de colocar cenas de “Jesse James” aqui no começo do filme (inclusive a cena da morte de Jesse, extraída da primeira produção com Tyrone Power sendo assassinado).

A Vingança de Frank James (The Return of Frank James, EUA, 1940) Direção: Friz Lang / Roteiro: Sam Hellman / Elenco: Henry Fonda, Gene Tierney, Jackie Cooper, Henry Hull, John Carradine / Sinopse: Após o assassinato de seu irmão Jesse James (Tyrone Power) o pistoleiro Frank James (Henry Fonda) decide ir atrás de seu assassino, Robert Ford (John Carradine).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 22 de junho de 2023

Jesse James

Um dos criminosos mais infames do velho oeste, a história do pistoleiro e ladrão Jesse James deu origem a diversos filmes ao longo da história. Um dos mais lembrados é esse clássico da década de 1930. Não há como negar que o roteiro desse filme seja bem romanceado, mas mesmo assim tenta manter um pé na realidade dos fatos históricos. O filme inclusive contou com consultores históricos para recriar a biografia do famoso criminoso de forma mais fiel aos acontecimentos reais. No começo da história ainda há uma tentativa de justificar a entrada de Jesse James no mundo do crime, mas depois, de forma acertada, o texto demonstra a mudança em sua personalidade quando ele se torna realmente um criminoso por vontade própria, ciente de seus atos. Embora haja traços do Jesse James da literatura de entretenimento, dos famosos livros de bolso que ajudaram a popularizar seu nome, o roteiro procura sempre seguir os fatos reais quando possível. A cena final de seu assassinato, embora com erros históricos, é bem realizada.

Um dos melhores motivos para se assistir “Jesse James” é o seu elenco. Tyrone Power está bem como o personagem principal, embora haja limitações em sua caracterização pois ele está de certa forma muito polido em cena (o verdadeiro Jesse James era mais turrão e rude). Melhor se sai Henry Fonda, com trejeitos rústicos do interior, sempre cuspindo fumo e com olhar de caipirão desconfiado. Sua atuação demonstra uma preocupação maior em construir um personagem mais próximo da realidade. Seu Frank James não aparece muito, mas quando surge chama bem a atenção. A atriz Nancy Kelly que faz a esposa de James surpreende em ótimas cenas. São dela inclusive os momentos mais dramáticos como àquele em que resolve ir embora com o filho recém nascido. Por fim, completando o núcleo do elenco principal temos Randolph Scott. Em papel coadjuvante o ator está excepcionalmente bem na pele de um sujeito que caça Jesse James no começo do filme, mas que depois compreende a situação do criminoso e acaba mudando de atitude, ajudando inclusive sua família.

Embota não tenha sido creditado o filme foi produzido pessoalmente pelo chefão da Fox, Darryl F. Zanuck. Isso significa que “Jesse James” contou com o melhor que estava disponível na época no estúdio. De fato a produção é de muito bom gosto, com boa reconstituição de época (inclusive no que diz respeito a pequenos detalhes como figurino). Há ótimas cenas de roubos de trens, bancos e perseguições. Uma sequência que inclusive chama a atenção até hoje é aquela em que Jesse e Frank James pulam com seus cavalos do alto de um despenhadeiro em um rio abaixo. Pela altura e pela coragem dos dublês o resultado final realmente impressiona. A nota triste é que os animais foram sacrificados após soltarem daquela altura o que levou o filme a ser enquadrado em uma lista do American Human Associate por crueldade animal em filmes de Hollywood.

Já em termos de direção, não há mesmo o que reclamar. O diretor Henry King soube ser conciso em “Jesse James” e realizou um trabalho enxuto e eficiente. Evitou glamorizar a vida do criminoso. Como o filme teve um cronograma de filmagens muito austero, o cineasta Henry King contou com a ajuda de outro diretor da Fox, Irving Cummings, que acabou não sendo creditado. Henry King aqui trabalhou novamente ao lado de um de seus atores preferidos, Tyrone Power. Juntos tiveram grandes êxitos de bilheteria em filmes de capa e espada – sendo esse “Jesse James” mais uma bem sucedida parceria entre eles, embora em um estilo completamente diferente. O filme foi a quarta maior bilheteria do ano só ficando atrás apenas de fenômenos como “E o Vento Levou” e “O Mágico de Oz”.

Jesse James (Jesse James, Estados Unidos, 1939) Direção: Henry King / Roteiro: Nunnally Johnson, Gene Fowler, Curtis Kenyon, Hal Long / Elenco: Tyrone Power, Henry Fonda, Nancy Kelly, Randolph Scott, Donald Meek, John Carradine / Sinopse: Cinebiografia do famoso criminoso Jesse James (Tyrone Power) que ao lado de seu irmão Frank James (Henry Fonda) assaltava bancos, trens e diligências no velho oeste.

Pablo Aluísio.