sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Um Homem Chamado Cavalo

Clássico filme de faroeste dos anos 70. Muito popular no Brasil. E que história esse filme nos conta? John Morgan (Richard Harris) é um nobre inglês que entediado com a vida de riqueza e luxo que leva na Inglaterra, resolve viajar até o oeste americano em busca de aves exóticas para caçar. Numa dessas suas excursões por regiões remotas ele e seu pequeno grupo de apoio acabam sendo atacados por guerreiros nativos que, após assassinar seus assistentes, o leva cativo para sua tribo. Lá será tratado como um mero animal, um cavalo, sem direitos e com muitos deveres, como trabalhar duro e sofrer punições sempre que desobedecer as ordens impostas. Assim tudo que ele planeja e pensa é de uma forma de escapar de seus algozes, mas conforme o tempo passa ele aos poucos começa a se inserir dentro daquela comunidade nativa, revelando um lado completamente desconhecidos dos índios que o mantém como prisioneiro.

Muito citado, muito lembrado pelos fãs de Western, "A Man Called Horse" realmente é um grande filme. Não apenas por sua proposta ousada e diferente, mostrando em primeiro plano a vida dos nativos americanos, mas também pelo roteiro que consegue ser ao mesmo tempo muito instrutivo e realista. Filmes sobre índios americanos geralmente sofrem por abraçarem certas ideias impregnadas de ideologias e preconceitos seculares contra eles. Por exemplo, ou os indígenas eram retratados usando daquela visão simplória e romântica do "bom selvagem de coração puro" ou então se explorava o lado oposto, quando eram mostrados como selvagens sanguinários e cruéis. "Um Homem Chamado Cavalo" não adota nenhuma dessas posturas isoladamente. Certamente os índios mostrados aqui são violentos, torturadores e sádicos, mas também possuem grandes valores de honra e proteção para com seus familiares, sua cultura, sua nação. Uma etnia que tenta sobreviver aos novos tempos.

O personagem interpretado por Richard Harris é um exemplo por demais interessante de um homem civilizado colocado em choque cultural com aquele modo de vida primitivo. O interessante é que ao final ele descobre que há muito mais a se desvendar no seio daquele povo, algo bem diverso do que ele pensava dentro de sua mentalidade dita civilizada, do homem europeu. O filme até hoje chama a atenção por cenas realmente marcantes como o momento em que John Morgan (Richard Harris) é alçado pela própria pele em um brutal ritual para provar sua bravura, ou nas diversas situações aflitivas quando é tratado apenas como um animal, sendo que na visão do homem branco europeu o nativo americano é que se assemelhava a um animal selvagem, solto nas pradarias do oeste. Em suma, grande momento do cinema americano que até hoje é relembrado com respeito e admiração. Nada mais justo em vista da extrema qualidade apresentada pela película.

Um Homem Chamado Cavalo (A Man Called Horse, Estados Unidos, 1970) Estúdio: Paramount Pictures, Columbia Pictures / Direção: Elliot Silverstein / Roteiro: Jack DeWitt, Dorothy M. Johnson / Elenco: Richard Harris, Judith Anderson, Jean Gascon, Manu Tupou, Corinna Tsopei / Sinopse: Nativos do oeste dos Estados Unidos capturam um nobre inglês que passava por suas terras em uma expedição de exploração da natureza selvagem. Uma vez nas mãos dos índios, ele passa a ser tratado como um mero animal, um cavalo da tribo. Filme premiado pelo festival de cinema Western Heritage Award. Também indicado ao Laurel Awards.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Deus Perdoa... Eu Não!

Título no Brasil: Deus Perdoa... Eu Não!
Título Original: Dio perdona... Io no!
Ano de Produção: 1967
País: Itália, Espanha
Estúdio: Cronocinematografica Productores Films
Direção: Giuseppe Colizzi
Roteiro: Giuseppe Colizzi
Elenco: Terence Hill, Bud Spencer, Frank Wolff, Bruno Ariè, Francisco Sanz, Antonio Decembrino

Sinopse:
Um trem chega na estação com todos os passageiros mortos. Havia um carregamento de ouro no valor de 200 mil dólares que simplesmente sumiu. Tudo leva a crer que foi um roubo bem planejado e executado com requintes de crueldade, mas quem teria sido o autor de tal crime? E o mais importante de tudo, onde foi parar aquela pequena fortuna? É justamente para responder essas perguntas que Cat Stevens (Terence Hill) e Hutch Bessy (Bud Spencer) se unem para procurar pelo ouro. Ambos acreditam que o roubo foi cometido pela quadrilha liderada pelo bandoleiro Bill San Antonio (Frank Wolff). O problema é que Bill é dado como morto desde que enfrentou Stevens no passado! Mas será mesmo que ele morreu?

Comentários:
Esse é um Western Spaghetti dos mais interessantes, não apenas por reunir a boa dupla Terence Hill e Bud Spencer mas também por apresentar um roteiro até bem feito, com idas e vindas no tempo, para encaixar todas as peças sobre o desaparecimento (ou teria sido morte?) do bandoleiro e assassino Bill San Antonio! Esse é um personagem bem curioso pois tem jeito de afeminado, meio louco e com ares de megalomania. Imaginem um pistoleiro como esse em pleno anos 60! Como sempre acontecia em Spaghettis dessa época temos todo aquele desfile de sujeitos barbudos, suados e mal encarados. O personagem de Terence Hill é um jogador inveterado que está sempre envolvido em jogos e tiroteios, não necessariamente nessa ordem. Como sempre seu carisma se mostra à prova de falhas. O filme tem sua dose de brigas caricatas - com todos aqueles sopapos bem característicos dos filmes italianos - mas a despeito disso consegue manter um tom bem mais sério do que o habitual. No final a única dúvida que fica sem resposta é como o Bud Spencer conseguia aguentar aquele pesado casaco de peles em pleno deserto? Haja preparo físico para isso!

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

Audazes e Malditos

Título no Brasil: Audazes e Malditos
Título Original: Sergeant Rutledge
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: John Ford
Roteiro: Willis Goldbeck baseado no romance de John Hawkins
Elenco: Jeffrey Hunter, Woody Strode, Constance Towers, Carleton Young
  
Sinopse:
Baxton Rutledge (Woody Strode) é um sargento negro do exército americano que é acusado de matar um oficial superior. Como se isso não bastasse ainda é apontado também como o assassino e estuprador de uma jovem garota. Para defendê-lo é indicado como advogado de defesa o tenente Tom Cantrell (Jeffrey Hunter). Instaurada a corte marcial todos tentarão desvendar o que realmente teria acontecido

Comentários:
"Audazes e Malditos" é mais um belo western do consagrado diretor John Ford. Geralmente filmes de cavalaria americana sempre dão bons filmes e com Ford na direção não poderia sair outro resultado. Porém o filme se diferencia dos demais que John Ford fez sobre o exército americano. Muita coisa que vemos em sua famosa trilogia da cavalaria não se repete aqui. Em "Audazes e Malditos" temos um autêntico filme de tribunal, só que obviamente passado no velho oeste. Embora haja conflitos entre soldados e Apaches (mostrados em flashbacks) a ação propriamente dita não se desenrola no meio do deserto, mas sim em depoimentos, testemunhos e evidências que são apresentadas durante a corte marcial do sargento. Para um filme assim Ford teve que convocar um bom elenco de atores. Jeffrey Hunter está muito bem no papel do tenente que tenta de todas as formas inocentar o acusado. Para falar a verdade não me recordo de nenhuma outra atuação dele tão boa quanto essa. Era sem dúvida um bom ator que ficou imortalizado não apenas no papel de Jesus Cristo em "Rei dos Reis" como também por ter sido o primeiro piloto da nave Enterprise no episódio de estreia da série "Jornada nas Estrelas" que na época foi considerada "cerebral" demais para os padrões da TV americana. Uma pena que tenha morrido tão jovem. Outro destaque é a presença de Woody Strode como o sargento negro acusado de assassinato e estupro. Sua postura é das melhores e ele mostra que era excelente ator em pequenos detalhes, no olhar, na convicção e na dignidade. Por todas essas razões recomendo "Audazes e Malditos" não apenas aos fãs de John Ford, esse genial cineasta, mas também a todos que gostam de edificantes tramas jurídicos. Um roteiro socialmente consciente que tem muito a dizer e passar com sua mensagem. Certamente não irão se arrepender.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Cinco Pistolas com Sede de Sangue

Título no Brasil: Cinco Pistolas com Sede de Sangue
Título Original: Gli uomini dal passo pesante
Ano de Lançamento: 1965
País: França, Itália, Espanha
Estúdio: Mancori Films
Direção: Albert Band, Mario Sequi
Roteiro: Albert Band, Ugo Liberatore
Elenco: Gordon Scott, James Mitchum, Franco Nero

Sinopse:
Soldado da Guerra Civil volta para casa de seu pai após o fim desse sangrento conflito. Só que o velho não consegue aceitar a derrota dos confederados no campo de batalha. E isso faz surgirem conflitos graves que acabam dividindo a família.

Comentários:
Qual foi o primeiro faroeste do Franco Nero? Foi esse aqui mesmo, uma produção entre França e Itália, praticamente todo rodado naqueles desertos infernais do interior da Espanha. Enfim, cinema europeu em todos os aspectos de produção, mas com roteiro e história tentando imitar os filmes de western dos Estados Unidos. No Brasil foi relançado uma segunda vez nos cinemas, mas com um título modificado, que as distribuidoras nacionais acharam mais comercial. Nesse retorno aos cinemas acabou se chamando "Cinco Pistolas Manchadas de Sangue". E foi assim que também foi exibido pela primeira vez na TV brasileira, na Rede Record, durante os anos 70. O elenco trazia o ator que havia interpretado Tarzan nos Estados Unidos e o filho do veterano Robert Mitchum tentando emplacar sua carreira no cinema. Enfim, faroeste italiano raiz para quem apreciava esse tipo de filme, com muitos tiros, poeira de deserto espanhol e ação sem freios. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Uma Pistola para Ringo

Título no Brasil: Uma Pistola para Ringo
Título Original: Una pistola per Ringo
Ano de Lançamento: 1965
País: Itália
Estúdio: PCM
Direção: Duccio Tessari
Roteiro: Duccio Tessari, Alfonso Balcázar
Elenco: Giuliano Gemma, Fernando Sancho, Lorella De Luca, Lorenzo Columbo, Maria Estela

Sinopse:
Um pistoleiro de origem desconhecida, pois ninguém sabe exatamente de onde veio e por que estaria ali naquela região, tem a tarefa de se infiltrar em um rancho invadido por bandidos mexicanos e salvar seus reféns, incluindo a noiva do xerife local.

Comentários:
Esse pode ser considerado o primeiro filme de faroeste espagueti da carreira do Giuliano Gemma. Ele foi, ao lado de Franco Nero, um dos principais nomes desse novo estilo de filme que era produzido em massa na Itália dos anos 60 e que virou uma febre de popularidade em todo o mundo, inclusive no Brasil. Para se ter uma ideia de como esse foi mesmo um dos melhores produzidos naquela época, recentemente o diretor Tarantino (um especialista nesse segmento, vamos colocar dessa forma) elegeu esse "Uma Pistola Para Ringo" como um dos dez melhores filmes de western spaghetti da história! Na juventude ele havia trabalhado em locadoras e conhecia todos esses filmes. Quem somos nós para discordar de sua qualificada opinião, não é mesmo?

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

O Dia da Desforra

Título no Brasil: O Dia da Desforra
Título Original: La Resa Dei Conti
Ano de Produção: 1966
País: Itália, Espanha
Estúdio: Produzioni Europee Associati (PEA)
Direção: Sergio Sollima
Roteiro: Franco Solinas, Fernando Morandi
Elenco: Lee Van Cleef, Tomas Milian, Walter Barnes

Sinopse:
Jonathan Corbett (Lee Van Cleef) é um caçador de recompensas implacável. Em pouco tempo ele consegue eliminar todos os maiores bandoleiros, assaltantes e bandidos do Texas. Não tarda muito e sua fama atravessa as fronteiras e se espalha, o que o leva a se tornar um nome forte para uma candidatura ao senado. Para isso porém ele precisa de apoio financeiro de ricos grupos e acaba encontrando em uma empresa de construção de ferrovias. Antes que isso aconteça ele resolve ir em uma última caçada mortal.

Comentários:
"La Resa Dei Conti" é também um western Spaghetti recorrente em listas dos melhores faroestes feitos na Europa. Com roteiro muito bem trabalhado, mais do que o habitual no gênero, o filme explora a vida dos caçadores de recompensas do velho oeste, além de tratar muito bem sobre os podres bastidores da política. A lição do texto é simples, não adianta você se considerar um homem íntegro e honesto, ao se meter no meio da chamada grande política você certamente se corromperá, mais cedo ou mais tarde. Quem porém está em busca de uma boa diversão ao velho estilo não se decepcionará pois o filme tem ótimas sequências de caçada humana, com uma fotografia muito bonita, apesar da triste desolação daquele lugar esquecido por todos (afinal de contas esse é outro spaghetti filmado no deserto de Andalucía, local preferido por diretores italianos por se assemelhar bastante aos desertos americanos). Outro destaque vem com Lee Van Cleef. Um ator americano subestimado em seu país que acabou se consagrando nos filmes italianos da época. Aqui ele está completamente à vontade em um papel que é um verdadeiro presente para qualquer intérprete.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Sol Vermelho

Dois ladrões de trens, Link Stuart (Charles Bronson) e Gotch 'Gauche' Kink (Alain Delon), lideram um grupo de bandidos formado por mais de 30 pistoleiros que planejam roubar uma pequena fortuna de 400 mil dólares que está sendo levada para a capital dos Estados Unidos. O carregamento conta com a proteção de um pequeno grupamento do exército americano, mas esse se mostra pouco eficiente no combate à ação dos criminosos que logo conseguem parar o trem e se apoderar da preciosa carga. Na mesma locomotiva viajam o embaixador do Japão, que está sendo protegido por dois samurais tradicionais, da velha guarda.

A presença dos criminosos americanos logo se torna perigosa, pois o diplomata japonês carrega um precioso presente do imperador do Japão para o presidente dos EUA, uma espada samurai banhada em ouro. O precioso artefato logo chama a atenção de Gauche (Delon) que nem pensa duas vezes antes de se apoderar do objeto. Após matar um dos samurais. ele pega a espada de ouro para si. Afinal, ele é um ladrão! E como se isso não fosse o bastante resolve também trair seu comparsa Link (Bronson), jogando uma banana de dinamite em sua direção, tudo para ficar com todo o dinheiro e o ouro apenas para si e seus capangas. Agora, para reaver a espada e vingar a morte do samurai, uma estranha e improvável parceria é feita entre Link e o samurai Kuroda Jubie (Toshirô Mifune). Juntos eles partem em busca de Gauche e seu bando pelo oeste afora.

"Sol Vermelho" é uma produção entre França, Espanha e Itália, que novamente em clima de western spaguetti, resolveu transpor para as telas a curiosa fusão entre filmes de faroeste e de artes marciais. A premissa sem dúvida é das mais interessantes pois não é sempre que se vê em pleno velho oeste um samurai devidamente trajado, usando sua tradicional espada e seu código de honra no meio de um bando de pistoleiros e cowboys americanos.

O cineasta inglês Terence Young rodou os três primeiros filmes da franquia de James Bond e talvez por essa razão, tenha aqui em "Sol Vermelho", priorizado as cenas de ação e combate. Um roteiro que colocasse em cena um pistoleiro americano e um samurai japonês poderia render bem mais se a direção aproveitasse a inusitada situação para explorar as diferenças culturais entre eles, mas essa não pareceu ser em nenhum momento a intenção do diretor, que realmente focou sua atenção nas cenas de tiroteios e lutas corporais. No final, o que temos aqui, é um filme eficiente, bem movimentado mas também muito convencional, bem ao estilo do cinema mais comercial da época. De uma forma ou outra não há como não recomendar a produção principalmente pela presença do ótimo elenco, que repito, poderia ter sido melhor aproveitado, mas que mesmo assim não decepciona completamente.

Sol Vermelho (Red Sun, Soleil Rouge, França, Itália, Espanha, 1971) Direção: Terence Young / Roteiro: Laird Koenig, Denne Bart Petitclerc / Elenco: Charles Bronson, Toshirô Mifune, Alain Delon, Ursula Andress, Guido Lollobrigida / Sinopse: Após um assalto a um trem, um dupla formada por um pistoleiro americano (Bronson) e um samurai japonês (Mifune) sai em busca do criminoso (Delon) responsável pelo roubo.

Pablo Aluísio.

Westworld - Onde Ninguém Tem Alma

Título no Brasil: Westworld - Onde Ninguém Tem Alma
Título Original: Westworld
Ano de Produção: 1973
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Michael Crichton
Roteiro: Michael Crichton
Elenco: Yul Brynner, Richard Benjamin, Linda Gaye Scott, James Brolin, Alan Oppenheimer, Victoria Shaw

Sinopse:
Os robôs de um moderno centro de diversões, que recria cenários da Roma Imperial, do Velho Oeste e da Idade Média, passam por problemas técnicos e se tornam assassinos, ameaçando os visitantes do local. Filme indicado ao Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films na categoria de melhor filme de ficção do ano.

Comentários:
Muitos anos antes do parque de diversões de "Jurassic Park" se transformar em um inferno na Terra, o mesmo autor da saga dos dinossauros, o escritor Michael Crichton, também usou um parque temático para desenvolver suas histórias. Em "Westworld" o visitante poderia se sentir no velho oeste, com cenários e figurinos reproduzindo os filmes de faroeste. E para dar um toque a mais, que tal robôs especialmente programados para transformar essa experiência em algo bem real e concreto? Yul Brynner interpretava uma dessas máquinas, um sujeito bem de acordo com os vilões dos antigos filmes de western. O problema surge quando algo dava errado e de simples peça figurativa ele começava a realmente matar pessoas inocentes. Claro, hoje em dia você vai se lembrar da série de sucesso produzida pelo HBO, mas entenda que tudo, todo esse universo, surgiu aqui nesse filme da década de 1970. Embora obviamente envelhecido pelo tempo, o filme ainda consegue surpreender. E as cenas em que Yul Brynner passa fogo em visitantes inocentes vai ficar em sua mente por um bom tempo, tenha certeza disso.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

A Mocidade de Lincoln

Título no Brasil: A Mocidade de Lincoln
Título Original: Young Mr. Lincoln
Ano de Produção: 1939
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: John Ford
Roteiro: Lamar Trotti
Elenco: Henry Fonda, Alice Brady, Marjorie Weaver, Arleen Whelan, Eddie Collins, Richard Cromwell
  
Sinopse:
O sonho do jovem Abraham Lincoln (Henry Fonda) é se tornar um grande advogado. Até chegar lá porém ele terá que superar muitos desafios. Filho de uma humilde família da interiorana Hodgenville, no Kentucky, trabalhador rural, ele precisa mostrar seu valor nos estudos, mesmo sem muito apoio ou incentivo por parte de seus pais. O filme narra justamente os anos iniciais de sua vida profissional, quando apenas sonhava em vencer na vida.

Comentários:
Quando se fala em filmes sobre a figura do presidente Abraham Lincoln, sempre se lembra dessa produção dos anos 30. É um dos clássicos da brilhante carreira do mestre John Ford. O filme foi vencedor do Oscar na categoria de Melhor Roteiro (Lamar Trotti) justamente por romantizar os primeiros anos de atuação de Lincoln, quando ele era apenas um jovem advogado desconhecido, do interior do Kentucky. Apesar de ser inegavelmente um grande filme, desses para se ter em sua coleção, o fato é que há dois pequenos erros em sua narrativa. O primeiro diz respeito aos próprios fatos mostrados na tela, todos eles meramente ficcionais. Obviamente Lincoln realmente foi um advogado de interior antes de entrar na vida política. Isso é certo, porém os acontecimentos mostrados no filme, os detalhes, as causas, essas são frutos da imaginação do roteirista Lamar Trotti. Outro erro digno de nota vem da própria personalidade do protagonista. Interpretado por Henry Fonda, o jeito de ser e agir do seu Lincoln tem mais a ver com a imagem simbólica que ele construiu em seus anos na Casa Branca, do que com a do jovem advogado cheio de prosa que é encontrado nos livros de história. Em sua juventude Abraham Lincoln era dado a contar causos, piadas e anedotas divertidas, muitas delas explorando a vida de um homem simples do campo. Nada a ver com atitudes gloriosas, majestosas, da imagem oficial. O Lincoln da história era bem mais divertido. Assim o filme perde bastante no quesito veracidade histórica, embora como puro cinema é realmente uma excelente obra cinematográfica.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Serras Sangrentas

Título no Brasil: Serras Sangrentas
Título Original: Sierra
Ano de Produção: 1950
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Alfred E. Green
Roteiro: Edna Anhalt
Elenco: Wanda Hendrix, Audie Murphy, Burl Ives, Dean Jagger, Richard Rober, Tony Curtis

Sinopse:
Pai e filho vivem em um lugar isolado nas montanhas. Eles estão naquele lugar porque o pai Jeff é procurado por ter matado um homem. A questão é que ele não foi o autor do crime. As coisas mudam quando surge uma jovem perdida, Riley Martin. Ela descobre que o filho nunca se envolveu com uma mulher antes, criando uma certa tensão sexual entre ela e o filho do pai fugitivo.

Comentários:
Nesse mesmo ano Audie Murphy surgiria nas telas com mais um western intitulado no Brasil de "Serras Sangrentas". Originalmente o filme se chamava "Sierra" e era dirigido por Alfred E. Green. Baseado na novela escrita por Stuart Hardy, a estória mostrava a luta de pai e filho tentando sobreviver nas montanhas em uma época em que a lei e a ordem eram apenas esperanças vãs de surgir naquelas regiões perdidas do velho oeste. Curiosamente esse faroeste era estrelado por uma atriz, a bela Wanda Hendrix. Audie Murphy era apenas o segundo nome do elenco, mostrando que ele estava disposto a ceder espaço em prol de atuar em bons filmes, com roteiros mais bem escritos. Por fim um detalhe interessante que passa despercebida por muita gente, a presença do ator Tony Curtis no comecinho da carreira na época em que ele era um completo desconhecido, apenas um ator treinado pelo setor de novos atores da Universal. Em poucos anos ele iria se tornar um dos grandes astros do estúdio, ao lado de Rock Hudson, que também teve uma origem bem parecida com Curtis. A dupla iria se tornar muito mais famosa que o próprio Audie Murphy.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 28 de novembro de 2023

Escravos da Ambição

O título brasileiro desse filme é bem adequado. Todos os personagens que aparecem na tela são seres desprezíveis, pessoas sem valores morais, corroídos pela ganância. São mesmo escravos da ambição. Em jogo uma fortuna em ouro escondida numa montanha. As pedras de ouro em estado bruto foram colocadas lá em um passado distante. Mineradores espanhóis são mortos por apaches, justamente quando colocavam o ouro em um pequeno esconderijo no alto da montanha. E o tesouro fica lá por anos e anos.

Até que um estrangeiro que ninguém sabe exatamente de onde veio, alguns dizem que da Holanda, chega na região. Jacob 'Dutch' Walz (Glenn Ford) só pensa em achar o ouro e tem a sorte grande quando sai em perseguição a uma dupla que sobe a montanha sem chamar a atenção. Eles acabam achando o ouro e Jacob nem pensa duas vezes, os mata para ter o ouro só para ele.

A partir daí começa o frenesi. Jacob volta para a cidadezinha com parte do ouro, troca por dinheiro e vira uma verdadeira fera em suas ruas, como se o ouro lhe desse o direito de ser um crápula e um facínora. Chama a atenção o fato de que Glenn Ford interpretou esse personagem, um sujeito vil e inescrupuloso. O diferencial é que todos os demais que circulam à sua volta são piores do que ele, inclusive a loira Julia Thomas (Ida Lupino) que mesmo casada dá em cima de Jacob, de olho obviamente em sua fortuna. Uma mulher interesseira? Mais do que isso, assassina também.

O final é muito bom, com todos os personagens no alto da montanha mostrando o que quanto são desprezíveis. Vale tudo pelo ouro, pelo vil metal. Não há limites éticos a seguir, nada. Vale apenas ter o ouro e ficar rico. Todo o resto é secundário. Além de um roteiro muito bem escrito, que explora esse lado ganancioso do ser humano, a produção também se mostra muito boa. Recriaram parte da montanha dentro do estúdio. Isso não significa que não foram feitas cenas em locação, nada disso. Apenas que na cena no terremoto tudo ficou muito bem realizado. Um faroeste muito bom. Chega a surpreender que tenha sido feito em plenos anos 1940.

Escravos da Ambição (Lust for Gold, Estados Unidos, 1949) Direção: S. Sylvan Simon, George Marshall / Roteiro: Ted Sherdeman, Richard English / Elenco: Glenn Ford, Ida Lupino, Gig Young, William Prince / Sinopse: Jacob 'Dutch' Walz (Glenn Ford) é um homem desconhecido que chega numa região distante do Arizona. Ele está atrás de uma lenda que diz que anos atrás um grupo de mineradores escondeu uma fortuna em ouro nas montanhas. Ele resolve então ir até lá e acaba tirando a sorte grande, só que o dinheiro e a riqueza acabam expondo ainda mais seu mau caratismo e violência.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Aliança de Aço

Título no Brasil: Aliança de Aço
Título Original: Union Pacific
Ano de Produção: 1939
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Cecil B. DeMille
Roteiro: Walter DeLeon, Gardner Sullivan
Elenco: Barbara Stanwyck, Joel McCrea, Akim Tamiroff, Robert Preston, Lynne Overman, Brian Donlevy

Sinopse:
O Presidente Lincoln assina a autorização para a construção de uma grande ferrovia cortando todo o território dos Estados Unidos, com parada final na Califórnia. Isso cria uma série de intrigas entre diversas pessoas interessadas nesse novo empreendimento.

Comentários:
Foi um dos últimos trabalhos de Cecil B. DeMille no cinema. Esse diretor e produtor foi sem dúvida um dos mais importantes da história de Hollywood. Ele pensava seus filmes como espetáculos, como eventos. Para ele não havia espaço para o simples, o medíocre. Os filmes tinham que ser grandiosos, com produções milionárias, milhares de figurantes, cenários absurdamente caros, etc. Aqui ele fez da construção da ferrovia Union Pacific um espetáculo cinematográfico. Como tudo que dizia respeito a Cecil B. DeMille esse filme também se caracterizava pelo exagero. Ele trouxe trens de época, redobrou os custos da Paramount para reconstruir aquele dias perdidos no passado. O filme foi indicado na categoria efeitos especiais, mas a verdade é que praticamente tudo o que se vê na tela existia de fato. Já o roteiro tem alguns problemas. Há excesso de personagens, mas isso no final não tira os méritos de DeMille. Aqui ele deixou mais uma vez as marcas de sua conhecida megalomania. É cinema produzido para encher os olhos do espectador.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Pacto de Honra

Título no Brasil: Pacto de Honra
Título Original: Saskatchewan
Ano de Produção: 1954
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Raoul Walsh
Roteiro: Gil Doud
Elenco: Alan Ladd, Shelley Winters, J. Carrol Naish, Hugh O'Brian, Robert Douglas, George J. Lewis

Sinopse:
A história do filme se passa em 1877, na fronteira entre Canadá e Estados Unidos. Thomas O'Rourke (Alan Ladd), um oficial da fronteira, se revolta contra um superior sem qualificação para o cargo, por causa de rotas usadas por nativos hostis.

Comentários:
Um faroeste diferente dos anos 50, todo filmado nas belas reservas naturais de Alberta, Canadá. Na época a grande maioria dos filmes de western eram rodados no rancho da Universal em Los Angeles mesmo. Então foi uma produção bem mais cara e ambiciosa do que o habitual. Alan Ladd, como de costume, interpretou um protagonista injustiçado, nunca compreendido totalmente. Ele gostava de interpretar personagens assim, um tanto torturados, com problemas que não conseguia lidar completamente. O filme, como era de se esperar, tem uma linda fotografia, com as belas montanhas e paisagens do inverno canadense ao fundo. Um colírio para os olhos dos cinéfilos. Não é tão movimentado em termos de ação, mas traz um interessante jogo psicológico entre o personagem de Ladd e seu superior. Um bom filme, hoje pouco lembrado.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Por uns Dólares a Mais

Título no Brasil: Por uns Dólares a Mais
Título Original: Per Qualche Dollaro in Più
Ano de Produção: 1965
País: Itália, Espanha, Alemanha
Estúdio: Constantin Film Produktion, Produzioni Europee Associati
Direção: Sergio Leone
Roteiro: Sergio Leone, Fulvio Morsella
Elenco: Clint Eastwood, Lee Van Cleef, Gian Maria Volonté

Sinopse:
Monco (Clint Eastwood) e Mortimer (Lee Van Cleef) são dois caçadores de recompensas no velho oeste que acabam indo atrás do mesmo criminoso, El Indio (Gian Maria Volonté), cuja oferta por sua captura vivo ou morto é avaliada em dez mil dólares! Pistoleiro, psicopata, estuprador e muito violento, El Indio planeja ao lado de sua quadrilha um grande roubo de banco na cidade de El Paso. Ele conseguiu ter acesso a informações privilegiadas sobre o cofre da instituição e pretende roubar uma pequena fortuna de sua sede, mas antes disso terá que se livrar daqueles que querem sua cabeça em troca do valioso prêmio a ser dado como recompensa a quem conseguir lhe tirar de circulação.

Comentários:
A frase que abre o filme, "Onde a vida não tem valor, a morte, ás vezes tem seu preço. É por isso que os caçadores de recompensas apareceram", resume bem a tônica dessa produção. Considerado um dos maiores clássicos do assim chamado western spaguetti, "Por uns Dólares a Mais" surge em um momento em que o cinema italiano começa a mostrar ao mundo que também podia realizar faroestes tão bons quanto os originais americanos. A fórmula de se importar atores e profissionais americanos para trabalharem na Itália havia se mostrado madura o suficiente para assustar até mesmo os grandes estúdios de Hollywood. Para se ter uma ideia a United Artists ficou tão impressionada com a qualidade desse western que não pensou duas vezes em adquirir os direitos da obra para lançar nos cinemas americanos, no circuito interno. Isso era um feito e tanto já que até aquele momento as distribuidoras americanas esnobavam os filmes italianos de faroeste. No elenco, Clint Eastwood e Lee Van Cleef, começavam a virar astros. Ambos amargaram anos e anos de papéis coadjuvantes sem muita importância dentro da indústria americana e tiveram que cruzar o Atlântico para serem finalmente reconhecidos em casa. Por fim, e o mais importante de tudo, o filme contava com a ótima direção do mestre Sergio Leone. Cineasta singular, Leone conseguia impor um estilo próprio, autoral, em fitas que em essência eram realizadas para serem acima de tudo comercialmente bem sucedidas. Dentro do circuito mais comercial ele conseguia, com raro brilhantismo, trazer inovações e classe a gêneros ditos como extremamente popularescos. Maior prova de sua genialidade não há. Assim, caso você nunca tenha assistido esse western classe A não perca mais seu tempo, pois "Per Qualche Dollaro in Più" é de fato simplesmente indispensável e essencial para qualquer cinéfilo que se preze. Um faroeste realmente imortal.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Jornadas Heróicas

Em 1865 com o fim da Guerra da Secessão o Presidente Abraham Lincoln passa a preocupar-se com o futuro dos milhares de soldados que ainda voltavam do conflito sem muitas oportunidades de emprego e sem moradia. O sonho do presidente é que o oeste americano se transformasse no novo eldorado para esses milhares de soldados. O que o presidente não sabia era que um grupo formado por oficiais e alguns soldados da união planejava a venda de vários rifles de repetição para os índios; prática que era terminantemente proibida. Porém o pior acontece, e em 15 de abril de 1865, pouco depois do fim da guerra, Lincoln é assassinado dentro do Teatro Ford por John Wilkes Booth. A partir daí o contrabando de armas para as tribos Cheyennes e Sioux, liderado pelo negociante inescrupuloso John Lattimer (Charles Bickford) aumenta de tal forma que chega aos ouvidos do General Custer.

Preocupado, Custer manda convocar Wild Bill Hickok (Gary Cooper) e Buffalo Bill (James Ellison) para liderar um ataque que impeça que mais rifles de repetição caia nas mãos dos índios. Jornadas Heróicas (The Plainsman - 1936) é um faroeste fantástico com cenas impressionantes de batalha e com um elenco de primeira grandeza que conta com nomes de peso, como: Gary Cooper, Jean Arthur, James Ellison e Charles Bickford. Na verdade, o longa com a assinatura inconfundível do diretor Cecil B.DeMille, não é um faroeste comum. Requintado e travestido de épico - bem típico do grande diretor - Jornadas Heróicas mistura figuras lendárias do velho oeste americano como Wild Bill Hicock, Buffalo Bill, Jane Calamidade, General Custer e o Presidente Abraham Lincoln. Destaque também para as cenas de batalha que foram todas filmadas no estado de Montana, terra natal do ator Gary Cooper. Como curiosidade uma rápida aparição no final do ator Anthony Quinn que na época tinha 20 anos e faz o papel de um jovem índio Cheyenne.

Jornadas Heróicas (The Plainsman, EUA, 1936) Direção: Cecil B. DeMille / Roteiro: Courtney Ryley Cooper, Frank J. Wilstach / Elenco: Gary Cooper, Jean Arthur, James Ellison, Charles Bickford, Helen Burgess / Sinopse: Clássico da filmografia de Cecil B. DeMille estrelado por Gary Cooper e Jean Arthur. O filme narra o encontro entre grandes lendas do oeste americano como Wild Bill Hickok (Gary Cooper), Jane Camalidade (Jean Arthur), Buffalo Bill Cody, George Armstrong Custer e Abrahan Lincoln em um enredo com muita ação, emoção e aventura..

Telmo Vilela Jr.

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

A Um Passo da Morte

Esse é um clássico do western americano estrelado pelo astro Kirk Douglas. Na história Johnny Hawks (Kirk Douglas) lidera uma caravana de pioneiros no meio de um território indígena. Embora pacificadas, as tribos do local vivem em tensão com os brancos por causa de minas de ouro recentemente descobertas. Um dos membros da caravana, Wes Todd (Walter Matthau), está particularmente interessado em descobrir o exato local dessas ricas minas. Para isso usará de todos os meios para ter em mãos a localização dessa imensa riqueza mineral. Claro, isso vai criar todos os tipos de disputas e problemas dentro da caravana. Além da ameaça dos nativos, ainda há a ganância dos demais pioneiros.

"A Um Passo da Morte" é uma produção de encher os olhos do espectador. O filme foi todo rodado na maravilhosa reserva natural de Bend, no Estado norte-americano do Oregon. Isso trouxe ao filme uma das mais belas fotografias que já vi em um faroeste dos anos 50. Rios de águas límpidas, montanhas e muito verde desfilam pela tela como um verdadeiro brinde aos espectadores. Junte-se a isso um bom roteiro, socialmente consciente, mostrando o profundo respeito dos índios em relação às riquezas naturais da região e você terá um belo western como resultado final.

O filme é curto, menos de 80 minutos, mas muito eficiente. Um dos destaques é a ótima cena de ataque dos guerreiros Sioux contra o forte do exército americano. Usando de cavalos, flechas e lanças de fogo, os indígenas demonstram ter bastante conhecimento de táticas de guerra e combate. Afinal de contas eram povos guerreiros. A cena é excepcionalmente bem filmada e o próprio forte construído na locação impressiona pelo tamanho e realismo. Certamente não foi uma produção barata, o que era bem do feitio do astro Kirk Douglas que sempre procurou o melhor em termos de produção para seus filmes. Aqui obviamente não seria diferente.

Curiosamente o filme foi dirigido pelo húngaro André de Toth, um cineasta versátil que se saía bem dirigindo os mais diversos tipos de filmes, de faroestes a dramas, passando por alguns clássicos do terror (como "Museu de Cera" ao lado do amigo Vincent Price). Dizem que foi escolhido pelo próprio Kirk Douglas, já que ele tinha também a intenção de dirigir algumas partes do filme, sempre dando opinião no roteiro, etc. Isso levou alguns a afirmarem que o filme foi co-dirigido por Douglas, embora ele não tenha sido creditado na direção. Em conclusão recomendo bastante esse excelente western bucólico, com lindas locações naturais, um belo romance ao fundo e muitas cenas de ação e conflitos. Está mais do que recomendado.

A Um Passo da Morte (The Indian Fighter, Estados Unidos, 1955) Direção: André de Toth / Roteiro: Frank Davis, Robert L. Richards / Elenco: Kirk Douglas, Walter Matthau, Elsa Martinelli, Lon Chaney Jr / Sinopse: Johnny Hawks (Kirk Douglas) lidera uma caravana de pioneiros no meio de um território indígena. Assim que a jornada começa um dos integrantes afirma que está particularmente interessado na localização de minas de ouro na região, criando conflitos, despertando a ambição e ganância dos demais viajantes e pioneiros.

Pablo Aluísio. 

domingo, 12 de novembro de 2023

Cemitério Sem Cruzes

Título no Brasil: Cemitério Sem Cruzes
Título Original: Une Corde, Un Colt...
Ano de Produção: 1969
País: Itália, Espanha, França
Estúdio: Fono Roma, Les Films Copernic
Direção: Robert Hossein 
Roteiro: Dario Argento, Claude Desailly
Elenco: Michèle Mercier, Robert Hossein, Guido Lollobrigida

Sinopse:
Manuel (Robert Hossein) é um bandoleiro que vaga pelo deserto até chegar numa isolada cidadezinha do velho oeste. Lá acaba entrando em um perigoso jogo de vingança, violência e medo! Agora todos descobrirão a sua verdadeira identidade e o que ele realmente estaria fazendo por lá.

Comentários:
Mais um western spaghetti digno de nota. Na verdade temos um exercício cinematográfico bem interessante aqui, pois o filme tem poucas linhas de diálogo, sendo a maioria da trama se desenvolvendo em silêncio, com apenas o som do vento ao longe castigando as areias do deserto. No lançamento do DVD o ator e diretor Robert Hossein revelou alguns aspectos bem interessantes sobre a produção. Uma delas a que o famoso cineasta Sergio Leone teria visitado o set de filmagens e dirigido uma das cenas do filme (a do jantar com os principais personagens). Outro fato que explicou foi que na verdade o famoso Dario Argento, que está creditado como um dos roteiristas do filme, na verdade pouco ou nada contribuiu para a versão final que foi finalmente concluída. Some-se a isso o fato do faroeste ter sido dirigido não por um italiano mas sim por um francês e você certamente terá vários motivos para tentar assistir a esse curioso filme spaghetti. Fatos interessantes de bastidores certamente não faltarão.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Flechas de Fogo

Cowboy (James Stewart) encontra jovem índio agonizando no meio do deserto após ser atacado por tropas americanas. O socorre e acaba se tornando amigo da nação Apache liderada pelo chefe Cochise (Jeff Chandler). O problema é que o mesmo grupo está em guerra contra o exército americano pela posse do selvagem território do Arizona. Ciente da situação o personagem de James Stewart se coloca a disposição para servir de intermediário em um tratado de paz entre as nações indígenas e o governo dos Estados Unidos sob a presidência do general Grant. Muito curioso esse western que décadas antes de "Dança com Lobos" tratou a questão indígena de forma muito correta e realista. Há uma preocupação do roteiro em mostrar aspectos da cultura dos Apaches, suas danças, festejos. O filme chega ao ponto de mostrar um homem branco se apaixonando por uma jovem índia, algo bem ousado para os anos 50.

James Steward apresenta sua personagem habitual: homem virtuoso, honesto, de boa índole. O único problema mais visível de Flechas de Fogo é a escalação de Jeff Chandler como o chefe da nação Apache. Chandler tinha traços bem americanos e nem a maquiagem forte ameniza esse aspecto. Curiosamente tirando ele e a jovem índia que se apaixona por Stewart nenhum dos demais indígenas do filme apresentam traços de homem branco - são índios ou descendentes mesmo, puro sangue. O filme foi dirigido pelo veterano cineasta Delmer Daves que faria pelo menos mais dois clássicos de western nos anos seguintes: "A Lei do Bravo" (outro western respeitoso com a causa do nativo americano) e "A Última Carroça". Seu maior sucesso comercial viria como roteirista ainda na década de 50 com o famoso "Tarde Demais Para Esquecer". Enfim, "Flechas de Fogo" (cujo título original é flecha quebrada - símbolo de paz entre os Apaches) vale a pena por ser socialmente consciente e à frente de seu tempo

Flechas de Fogo (Broken Arrow, EUA, 1950) Direção de Delmer Daves / Roteiro de Elliott Arnold (novela), Albert Maltz / Com James Stewart, Jeff Chandler e Debra Paget / Sinopse: Cowboy (James Stewart) encontra jovem índio agonizando no meio do deserto após ser atacado por tropas americanas. O socorre e acaba se tornando amigo da nação Apache liderada pelo chefe Cochise (Jeff Chandler). O problema é que o mesmo grupo está em guerra contra o exército americano pela posse do selvagem território do Arizona.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Na Pista do Criminoso

Título no Brasil: Na Pista do Criminoso
Título Original: Sunset Pass
Ano de Produção: 1933
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Henry Hathaway
Roteiro: Jack Cunningham, Gerald Geraghty
Elenco: Randolph Scott, Tom Keene, Kathleen Burke, Harry Carey, Noah Beery, Leila Bennett

Sinopse:
Um agente policial se infiltra no meio de uma quadrilha de criminosos. Seu objetivo é descobrir quem estaria por trás de uma fuga de prisioneiros de uma prisão de segurança no Texas. As coisas porém se complicam quando ele acaba se apaixonando pela irmã de um dos membros da quadrilha.

Comentários:
O faroeste seguinte de Randolph Scott foi "Na Pista do Criminoso" (Sunset Pass, 1933). Ao lado dele no elenco estavam Tom Keene e Kathleen Burke. A direção era do excelente Henry Hathaway, cineasta que assinou grandes clássicos da história do cinema americano como "Bravura Indômita" (que daria o primeiro Oscar na carreira de John Wayne), "Sublime Devoção" e "A Conquista do Oeste", para muitos o filme de faroeste mais pretensioso da história pois queria esgotar o assunto da ida dos pioneiros para as vastas terras do velho oeste. Pois bem, como se pode ver o filme tinha o diretor certo. Acontece que por essa época, ainda na primeira metade dos anos 30, tanto Henry Hathaway como o próprio Randolph Scott eram ainda bem jovens, muito longe dos grandes clássicos em que iriam trabalhar no futuro Voltando para a fita intitulada "Na Pista do Criminoso", aqui temos uma fita B da Paramount Pictures. Uma produção de apenas 61 minutos de duração, feita e realizada para ser exibida em matinês dos cinemas de bairro, a preços promocionais. Tudo feito em ritmo de linha de produção mesmo. Para se ter uma ideia a Paramount produziu mais de 700 fitas como essa entre os anos de 1929 a 1949, todas vendidas depois para a recém nascida TV que exibia os filmes em horários matutinos, tornando o western ainda mais popular, principalmente entre os mais jovens.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 2 de novembro de 2023

O Morro dos Maus Espíritos

Título no Brasil: O Morro dos Maus Espíritos
Título Original: The Shepherd of the Hills
Ano de Lançamento: 1941
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Henry Hathaway
Roteiro: Harold Bell Wright, Grover Jones
Elenco: John Wayne, Betty Field, Harry Carey, Beulah Bondi, James Barton, Samuel S. Hinds

Sinopse:
Western dramático mostrando os dramas e lutas de uma família de pioneiros que vivem nas colinas do Missouri durante a colonização do velho oeste dos Estados Unidos. Um estranho misterioso, mas agradável, chega nessa região e faz amizade com uma jovem do interior, que não se sente bem com seu noivo que jurou encontrar e matar seu próprio pai.

Comentários:
John Wayne começou a fazer sua carreira estrelando filmes menores de faroeste para as matinês. Eram filmes bem simples, com produções modestas. Esse aqui é um faroeste muito mais ambicioso, elegante e melodramático. Uma maneira de fazer grande cinema, como se dizia na época. Mostra a vida de pioneiros vivendo nas colinas, criando ovelhas e pequenos rebanhos e seus dramas da vida social. John Wayne é o jovem impetuoso e cabeça quente. Um homem que deseja se casar e começar seu próprio rancho, ter sua vida, só que ele precisa antes superar muitos problemas do passado, inclusive traumas familiares. Como se pode perceber, é um personagem com complexidade psicológica, nada a ver com os pistoleiros e cowboys superficiais de seus primeiros filmes. Enfim, eis aqui um dos primeiros grandes filmes da carreira de John Wayne. Com preciosa direção do cineasta Henry Hathaway, esse é sem sombra de dúvidas um clássico do western norte-americano. 

Pablo Aluísio.


segunda-feira, 30 de outubro de 2023

A Volta dos Sete Homens

Esse faroeste é na realidade a continuação do grande clássico "Sete Homens e um Destino" lançado em 1960. Seis anos depois a United Artists resolveu produzir essa sequência. Obviamente o estúdio estava em busca de um novo sucesso de bilheteria, mas dessa vez o tiro foi em vão. A realidade pura e simples é que não é um bom western e isso se deve muito em razão do fato de que tudo não passa de um remake disfarçado. O enredo é praticamente o mesmo do primeiro filme, sem colocar ou tirar quase nada. O elenco também ficou completamente desfalcado, sobrando apenas Yul Brynner, Nada de Charles Bronson ou Steve McQueen. Outra ausência sentida é a do diretor John Sturges. Em seu lugar a produtora colocou o menos talentoso Burt Kennedy que se resumiu a copiar o filme original.

Para quem não lembra esse filme conta o retorno do pistoleiro Chris Larabee Adams (Yul Brynner) para o mesmo vilarejo onde esteve defendendo a população em "Sete Homens e Um Destino". Depois de tantos anos o lugar volta a ser palco de uma quadrilha de bandoleiros mexicanos que invade as comunidades humildes da região para levar a população masculina como mão de obra escrava para a construção de uma nova vila para o vilão e bandido Lorca (Emilio Fernández). O povo pacato e pacífico daquela cidadezinha fica apavorada e corre para pedir ajuda a quem lhe salvou no passado, o próprio Larabee. Acontece que os sete pistoleiros originais se dispersaram e ele precisa formar um novo grupo. Onde procurar? Além de conhecidos habituais, outros pistoleiros rápidos no gatilho, ele também resolve ir na prisão de uma cidade do México para subornar o carcereiro, contratando alguns criminosos da pesada. E é isso. Com a ajuda desses demais homens (sete ao total, como no primeiro filme) ele volta a enfrentar o bando de mexicanos que aterrorizam os moradores. Apesar de ter a sempre emocionante trilha sonora composta por Elmer Bernstein o filme como um todo nunca justifica sua existência. É mais do mesmo e... pior.

A Volta dos Sete Homens (Return of the Seven, Estados Unidos, 1966) Direção: Burt Kennedy / Roteiro: Larry Cohen / Elenco: Yul Brynner, Robert Fuller, Julián Mateos, Warren Oates, Fernando Rey, Emilio Fernández / Sinopse: Após um ataque de bandoleiros mexicanos violentos, um jovem de uma comunidade atacada consegue fugir para pedir ajuda ao pistoleiro Chris Larabee (Brynner) que resolve reunir um novo grupo de homens destemidos para proteger todas aquelas pessoas indefesas. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Música (Elmer Bernstein).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Os Quatro Heróis do Texas

Joe Jarrett (Dean Martin) rouba 100 mil dólares de Zach Thomas (Frank Sinatra) e com o dinheiro investe em um grande barco cassino, uma embarcação que era muito comum no século XIX nos grandes rios do sul dos EUA. "Os Quatro Heróis do Texas" é uma produção muito fraca estrelada pelos dois maiores nomes do chamado Rat Pack, Sinatra e Martin. Eles já estiveram bem melhores antes mas aqui não convencem, não fazem rir e nem divertem. O filme tem um timing de comédia pastelão que nunca encontra o tom certo. As piadas são fracas e as situações não agradam. Sinatra está particularmente antipático em um papel sem qualquer empatia. Martin está um pouco melhor mas seu personagem também não ajuda muito. O título nacional mais uma vez se mostra equivocado pois não há nenhum herói na estória. Os tais quatro citados são Sinatra, Martin e as atrizes beldades Ursula Andress e Anita Ekberg. Essa última já havia contracenado com Dean Martin numa comédia ao lado de Jerry Lewis chamada "Ou Vai Ou Racha". Aqui ela repete o mesmo papel de mulher deslumbrante, só que servindo de par romântico para o apático Sinatra. Já a Bond Girl Ursula Andress não mostra a que veio em um personagem de nome masculino (Max) que pouco acrescenta no resultado final.

O que mais me deixou surpreso aqui é que o filme não foi dirigido por um diretor medíocre mas sim pelo excelente cineasta Robert Aldrich de tantos títulos marcantes em seu filmografia. Ele não só dirigiu a fita como a produziu. O que deu errado dessa vez? Acredito que o problema central de "Os Quatro Heróis do Texas" seja seu roteiro tolo e abobado que não consegue convencer nem como western e nem como comédia. Nem a participação especial dos Três Patetas consegue levantar a bola do humor do filme. Tudo é muito frouxo e sem graça. As piadas não funcionam e definitivamente Sinatra não tinha talento para esse tipo de filme. Em suma, um grande desperdício no final das contas. "Os Quatros Heróis do Texas" pode ser resumido como um filme ruim que foi dirigido por um excelente diretor e com um bom elenco. Pena que deu tudo errado.

Os Quatro Heróis do Texas (4 For Texas, EUA, 1963) Direção: Robert Aldrich / Roteiro: Teddy Sherman, Robert Aldrich / Elenco: Frank Sinatra, Dean Martin, Ursula Andress, Anita Ekberg, Charles Bronson / Sinopse: Joe Jarrett (Dean Martin) rouba 100 mil dólares de Zach Thomas (Frank Sinatra) e com o dinheiro investe em um grande barco cassino, uma embarcação que era muito comum no século XIX nos grandes rios do sul dos EUA.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Consciências Mortas

Baseado no livro de Walter Van Tilburg Clark, o diretor William Welman construiu uma pequena obra-prima. Um libelo poucas vêzes visto num filme de faroeste. Tudo nessa obra é fatalista e minimalista - desde a pequena duração da fita até o cenário da minúscula cidade e do Vale de Ox- Bow, que de tão pequeno beira o sufocante. A história se passa em 1885 quando dois forasteiros, Gil Carter (Henry Fonda) e Art Croft (Harry Morgan) chegam à pequena cidade de Bridger's Wells. Cansados, os dois vão para o saloon mais próximo, a fim de beber e jogar conversa fora. Porém eles sentem o ambiente carregado de desconfiança devido aos constantes roubos de gado na região. Logo depois chega a terrível notícia sobre um fazendeiro de nome Kinkaid que tinha sido roubado e assassinado. Bastou esta notícia estourar para que vários homens da cidade - incluindo Carter e Croft - se unissem numa verdadeira caçada humana liderados pelo ex-major Tetley (Frank Conroy). Depois de muita procura o grupo encontra uma carruagem onde os guardas informam que três homens estão no Vale de Ox-Bow com algumas vacas que pertenciam ao vaqueiro assassinado.

Impossível não lembrar do extraordinário clássico e com o mesmo Henry Fonda, "12 Homens e Uma Sentença" produzido 14 anos depois. O enredo impecável revela a mão pesada que faz mover a roda da estupidez humana. É o ódio cego que transforma homens em bestas; inocentes em mortalhas, fazendo brotar em cada um daqueles vaqueiros os piores sentimentos possíveis. É o grito surdo da covardia, da injustiça e da terrível justiça com as próprias mãos. O filme é tão bom, que pouco a pouco o pequeno Vale de Ox-Bow vai se moldando à imagem e semelhança daquela trupe insana que busca vingança a qualquer preço; é a sombra negra do gólgota que pulveriza a justiça, negando, aos três infelizes, um julgamento decente e humano - apesar dos constantes apelos do forasteiro Gil Carter. A horda insana transforma Ox-Bow numa distopia monumental regada a muita ira e muita injustiça. A categoria do triunvirato formado por Henry Fonda, Dana Andrews e Anthony Quinn, dá um toque especial a um roteiro espetacular, capitaneado por uma direção primorosa de Welman. O final é arrebatador, surpreendente e emocionante. Realmente, um dos faroestes mais marcantes já produzidos. Nota 10

Consciências Mortas (The Ox-Bow Incident, EUA, 1943) Direção Willian Wellman / Roteiro: Lamar Trotti baseado na obra de Walter Van Tilburg Clark / Elenco: Henry Fonda, Dana Andrews, Mary Beth Hughes, Anthony Quinn, Willian Eythe, Harry Morgan, Jane Darwell, Frank Conroy / Sinopse: Neste western dois forasteiros tentam impedir o linchamento e enforcamento de três homens que provavelmente são inocentes na realidade.

Telmo Vilela Jr.

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

A Fuga do Forte Bravo

Título no Brasil: A Fera do Forte Bravo
Título Original: Escape from Fort Bravo
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: John Sturges
Roteiro: Frank Fenton, Phillip Rock
Elenco: William Holden, Eleanor Parker, John Forsythe
  
Sinopse:
Por ser localizado em uma região distante e isolada, bem no meio do deserto, o Forte Bravo acaba se transformando em uma guarnição militar que ao mesmo tempo funciona como prisão de soldados confederados durante a Guerra Civil Americana. Cabe ao Capitão Roper (William Holden) a missão de capturar eventuais fugitivos, os caçando pelas areias escaldantes do deserto. Dono de um estilo duro e disciplinador, ele logo passa a ser hostilizado pelos prisioneiros. Para Roper porém essa é a menor de suas preocupações, pois o Forte está localizado em território hostil, rodeado por montanhas cheias de indígenas Mescaleros.

Comentários:
O cineasta John Sturges foi um dos grandes mestres do western americano. Aqui ele novamente entrega uma bela obra cinematográfica que certamente não vai decepcionar os fãs do gênero. O enredo do filme se passa no Forte Bravo, um regimento longínquo do exército americano. Cabia a essa divisão a incumbência de enfrentar as tribos selvagens do local, garantindo segurança e domínio sobre aquelas terras distantes. Como é localizado nos confins do oeste o governo americano logo transforma o lugar em uma prisão para rebeldes confederados. Não tarda e as hostilidades logo crescem entre ianques e sulistas. Eles porém precisam enfrentar um inimigo em comum, os Mescaleros, índios conhecidos por seu estilo guerreiro e selvagem. O roteiro se desenvolve assim em três atos básicos, um dentro do Forte Bravo quando Roper retorna de uma missão de captura, o segundo quando prisioneiros fogem para o deserto e finalmente o terceiro, quando Roper e seus homens são encurralados pelos indígenas. O argumento pretende demonstrar que não havia muito sentido na luta entre soldados da União e da Confederação, porque no final das contas todos eles eram americanos. Os Mescaleros acabam funcionando assim como um fator de união entre eles, pois diante de um inimigo comum o que valia mesmo era a luta pela América, por sua nação.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Sete Homens e Um Destino

Moradores de um pacato vilarejo mexicano pedem ajuda a um grupo de pistoleiros liderados por Chris (Yul Brynner) e Vin (Steve McQueen) para que os protejam do terrível bando de bandidos e assassinos do pistoleiro Calvera (Eli Wallach). Refilmagem americana do filme "Os Sete Samurais" de Akira Kurosawa. Uma das grandes ideias dos roteiristas foi transpor a estória para o velho oeste, pois essa é a verdadeira mitologia americana. Saem os samurais e entram os pistoleiros e cowboys do filme. Nada mais adequado. Mas não foi apenas por essa adaptação que a produção se tornou um clássico. Provavelmente esse seja o western com a mais lembrada e famosa música tema da história do cinema. Muito evocativa e tocada várias vezes ao longo do filme em diversas versões diferentes logo fica claro porque se tornou um marco no estilo. Elmer Bernstein era realmente um grande compositor como bem demonstrado aqui. Basta a música tocar para o espectador entrar imediatamente no clima do gênero western.

Outro ponto muito forte de "The Magnificent Seven" é seu elenco acima da média, liderado pelos carismas de Yul Brynner e Steve McQueen, ambos estrelas em ascensão em Hollywood na época. Os sete pistoleiros contratados para defender a pequena vila são variações do velho mito do cavalheiro solitário e errante (como bem resume uma cena em que eles discutem sobre os prós e contras da vida que levam). O elenco de apoio é excepcionalmente bom, com destaque para Charles Bronson (ainda em sua fase de coadjuvante), Robert Vaughn (que iria virar astro da TV anos depois) e James Coburn (um dos atores que melhor personificou pistoleiros em filmes de faroeste). Produzido pela Mirisch cia, a produção não é muito rica (essa empresa era especializada em fitas B que depois eram distribuídas pelos grandes estúdios como Universal e MGM) mas esse pequeno detalhe não compromete o filme em nenhum momento. Já a direção do veterano John Sturges é eficiente (embora um corte na duração final cairia bem). De qualquer forma não há como negar que para quem gosta de western esse é sem dúvida um filme obrigatório.

Sete Homens e Um Destino (The Magnificent Seven, Estados Unidos, 1960) Direção: John Sturges / Roteiro: William Roberts / Musica: Elmer Bernstein / Elenco: Steve McQueen, Yul Brynner, Charles Bronson, Eli Wallach, Robert Vaughn, James Coburn / Sinopse: Moradores de um pacata vilarejo mexicano pedem ajuda a um grupo de pistoleiros liderados por Chris (Yul Brynner) e Vin (Steve McQueen) para que os protejam do terrível bando de bandidos e assassinos do pistoleiro Calvera (Eli Wallach).

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Cavaleiros da Bandeira Negra

Título no Brasil: Cavaleiros da Bandeira Negra
Título Original: Kansas Raiders
Ano de Produção: 1950
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Ray Enright
Roteiro: Robert L. Richards
Elenco: Audie Murphy, Brian Donlevy, Marguerite Chapman, Tony Curtis
  
Sinopse:
Jesse James (Audie Murphy) e seu irmão Frank (Richard Long) decidem abandonar a quadrilha Quantrill. Formada por bandoleiros e pistoleiros de todos os tipos o grupo aterrorizou o velho oeste durante a guerra civil com muitos saques, violência e assassinatos. Dizendo-se ser um rebelde renegado confederado o líder do bando, o coronel William Clarke Quantrill (Brian Donlevy), não passaria na verdade de um criminoso sanguinário. Sabendo disso os irmãos James resolvem seguir em frente, fora do grupo.

Comentários:
O ator Audie Murphy foi o soldado americano mais condecorado da II Guerra Mundial. Quando a guerra acabou ele voltou para os EUA e começou uma carreira como astro de filmes de guerra e faroestes. Aproveitando a onda de patriotismo, ele foi estrelando um western atrás do outro. Os filmes de faroeste do Audie Murphy eram quase sempre produções B da Universal. Ele próprio nunca se levou muito à sério e quando encerrou sua carreira disse em tom de brincadeira: "Fiz dezenas de faroestes em Hollywood e eles eram todos iguais, só mudavam os cavalos". Na época não se dava muita bola para seus filmes, é verdade, mas ultimamente os fãs de western tem reconhecido melhor essas produções. Um exemplo é esse Kansas Raiders (que no Brasil ganhou o péssimo título de "Os Cavaleiros da Bandeira Negra"). O filme é um típico produto protagonizado por Audie Murphy. Produção modesta, roteiro simples e tramas ligeiras - para se passar nas matinês dos cinemas visando o público mais jovem, a garotada. Dificilmente os filmes tinham mais de 70 minutos.

Esse filme tem uma curiosidade, interpretando um dos bandidos do bando de Jesse James temos Tony Curtis, ainda bem jovem, e com duas linhas de diálogos para falar. Pena que apesar disso sua presença não acrescente muito ao resultado final. O próprio Audie Murphy também não se esforça muito para mudar essa situação. Além disso muitos de seus filmes eram adaptações de livros de bolso que eram muito populares nos anos 50. Nesses livrinhos todos os personagens eram bem romantizados, como bem se percebe aqui nesse filme. De qualquer forma, pelo sucesso que alcançou e pela longa filmografia que acabou estrelando, os faroestes com Audie Murphy merecem passar ao menos por uma revisão. Apesar de simples, no fundo divertem, com um irresistível clima de nostalgia.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 12 de outubro de 2023

O Homem do Colorado

Também conhecido como "No Velho Colorado", esse western conta uma história que se passa nos últimos dias da guerra civil americana, quando um coronel do exército da União chamado Owen Devereaux (Glenn Ford) encurrala um grupo confederado em um vale deserto. Sem saída os sulistas levantam a bandeira branca de rendição, mas o velho coronel os ignora, abrindo fogo com seus canhões, matando todos de forma covarde. Quando a guerra chega ao seu final, ele é honrado como um herói (apesar dos crimes que cometeu no campo de batalha). Logo é escolhido para ser o novo juiz de uma cidade do Colorado e leva seu capitão favorito, Del Stewart (William Holden), para ser o novo xerife. De volta à vida civil porém o coronel começa a apresentar desvios de comportamento, fruto dos traumas sofridos durante a guerra civil. Seu desequilíbrio mental se torna um sério problema quando tenta resolver disputas por terras ricas em ouro na região.

Glenn Ford se notabilizou pelos grandes personagens que interpretou na era de ouro do cinema americano. Em termos de western sua filmografia certamente é rica e importante. Aqui em "O Homem do Colorado" (relembrando que passou anos depois na TV como "No Velho Colorado") ele interpreta um personagem bem diferente, um coronel veterano que começa a enlouquecer aos poucos. De fato dentro da trama ele é o verdadeiro vilão do enredo. O roteiro é muito bem desenvolvido mas também apresenta alguns problemas morais ao meu ver. Há na história um grupo de veteranos que acaba indo para a criminalidade pois depois de dar baixa no exército não encontram mais trabalho e nem tampouco terras para começarem uma nova vida pois perderam o direito de extrair o ouro por terem servido por três anos na guerra. Sem alternativas viram criminosos sociais, roubando, promovendo assaltos e até mortes!

E para surpresa geral o roteiro se torna simpático em relação a esse bando de criminosos, chegando ao ponto de colocar o personagem do xerife ao lado deles! É um argumento complicado de aceitar. Mesmo assim, com esse problema ético, o filme é acima da média. Ford e Holden estão em grande forma e seguram as pontas muito bem, do começo ao fim. De qualquer maneira fica a indicação de "O Homem do Colorado", um faroeste típico dos anos 50, muito bem realizado e movimentado, que certamente vai agradar aos fãs do gênero.

O Homem do Colorado / No Velho Colorado (The Man from Colorado, Estados Unidos, 1948) Estúdio: Columbia Pictures / Direção: Henry Levin / Roteiro: Robert Hardy Andrews, Ben Maddow / Elenco: Glenn Ford, William Holden, Ellen Drew / Sinopse: Veterano da guerra civil, com histórico de crimes de guerra, acaba ganhando uma posição de juiz numa cidade do Colorado, onde começa a apresentar problemas emocionais e mentais no cargo. E isso se torna mais complicado no meio de uma disputa por terras onde se descobre ouro. Filme indicado ao Writers Guild of America na categoria Melhor roteiro de filme de western.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Uma Nação em Marcha

Título no Brasil: Uma Nação em Marcha
Título Original: Wells Fargo
Ano de Produção: 1937
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Frank Lloyd
Roteiro: Paul Schofield, Gerald Geraghty
Elenco: Joel McCrea, Bob Burns, Frances Dee
  
Sinopse:
Ramsay MacKay (Joel McCrea) é um empregado da empresa Wells Fargo Express cuja principal atividade econômica é levar correspondência e cargas entre as duas costas americanas. Seu trabalho não é tão fácil como parece pois ele precisa vencer longas distâncias, viagens e jornadas penosas, tudo para entregar as encomendas na hora certa, no momento exato. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Som (baseado no sistema sonoro inovador da época, chamado de Paramount SSD).

Comentários:
Faroeste muito antigo que conta uma história que sinceramente falando será pouco atrativo para os dias atuais. O personagem principal interpretado pelo ator Joel McCrea é basicamente um empregado de uma empresa privada que fatura levando encomendas e correspondências entre as costas leste e oeste dos Estados Unidos. Então o McCrea basicamente interpreta um carteiro? Tirando as devidas proporções é justamente isso. Hoje em dia enviar uma mensagem é a coisa mais banal do mundo, está a distância de um click no computador, mas no século XIX era praticamente uma aventura pois as cartas físicas tinham que atravessar grandes distâncias, geralmente passando por regiões hostis. O roteiro porém não se leva completamente à sério, longe disso, há todo um clima bem humorado que vai de ponta a ponta do filme. 

Para suavizar ainda mais Joel McCrea se apaixona por uma donzela, se declarando em galanteios românticos (nem todos muito convincentes). Como ainda era jovem (e tinha uma belo penteado, ou seja, bem antes de ficar careca) até que consegue convencer um pouquinho como galã sentimental, mas no geral nada é muito bem desenvolvido. O filme só se destaca mesmo por alguns aspectos da produção como uma bem detalhada réplica da San Francisco daqueles tempos, um vilarejo ainda, antes da chegada de milhares de imigrantes que iriam mudar a imagem da cidade, a transformando numa das metrópoles mais desenvolvidas da América. Outro fato que ajuda a manter o interesse é o fato de que o enredo explora praticamente toda a vida do protagonista, desde os primeiros tempos até sua velhice. Nesse meio termo explode a guerra civil, ele se casa e depois se separa da esposa (ela supostamente estaria apoiando os sulistas por causa da morte do próprio irmão no campo de batalha) tudo caminhando para o final quando ocorre a grande redenção entre eles. Poderia ser bem melhor, porém os roteiristas só estavam dispostos a ir até um certo limite. Mesmo assim, sendo menos do que poderia ser, ainda é um western que vale a pena ser ao menos conhecido.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 5 de outubro de 2023

Os Brutos Também Amam

Quando eu era garoto, ouvi certa vez meu pai dizer que o filme "Os Brutos Também Amam" (Shane - 1953) era um faroeste diferente. Aquela opinião ficou anos martelando em minha cabeça. E, quando alguns anos mais tarde, assisti ao famoso western, concordei com meu pai. O clássico, baseado no best-seller de Jack Schaefer, é um dos maiores e mais emocionantes faroestes já produzidos. E o sucesso não foi à toa. "Shane" é um faroeste realmente diferente e emocionante que foi pensado e carinhosamente engendrado em cima de valores morais raros para aquela época, como: amizade, lealdade e honra. O início do filme é de uma beleza rara, onde a natureza exuberante faz as honras da casa, desfilando, um a um, os astros do filme. O silencioso Shane (Alan Ladd) abre o clássico cavalgando, lentamente, sob as bençãos e a beleza indizível da cordilheira de Grand Tetons no Vale do Wyoming. O forasteiro, solitário e caladão, chega bem devagar ao pequeno rancho parnasiano da família Starrett, tendo como testemunha o pequeno par de olhos curiosos do pequeno Joey Starrett (Brandon De Wilde). Shane é calado e de poucas palavras - ele fala apenas o que interessa deixando sempre no ar um duvidoso passado do qual está claramente tentando esquecer. Apesar da enorme introspecção e doses cavalares de mistério, Shane só quer um pouco de água, comida e descanso, em troca de trabalho.

Aos poucos, o pistoleiro, semelhante a um diácono, vai conquistando a amizade e a confiança da família Starrett, mas principalmente do pequeno Joey que se encanta pelo forasteiro. Em pouco tempo, Shane já é quase um membro da família, ajudando o patriarca Joe Starrett (Van Heflin) nos trabalhos mais pesados, e também nas horas vagas, ajudando o pequeno Joe a atirar. O carisma e o charme do pistoleiro vão encantando Marian Starrett (Jean Arthur) esposa de Joe que aos poucos vai manifestando pelo pistoleiro, um misto de paixão, admiração e curiosidade. O diretor George Stevens conduz com maestria essa troca de olhares - e até de sentimentos - porém, sempre preservando o sentimento de honestidade e lealdade de Shane para aquela pequena família que o acolheu, mas principalmente para seu amigo, Joe Starrett. O filme jorra lirismo por todos os poros.

Todo esse céu de brigadeiro, no entanto, começa a mudar quando a família Starrett recebe a visita de Rufus Ryker (Emile Meyer) e seu bando. Rufus, que é o Barão do gado da região, tenta convencer Joe a vender suas terras e ir embora. Porém, quando percebe que Joe tornara-se amigo de um pistoleiro (Shane), ele e seu bando vão embora. A partir daí o conflito entre o Barão do gado, Rufus Ryker, e os colonos, explode. O Barão, para garantir o seu monopólio do gado e sentindo-se ameaçado por Shane, manda buscar na cidade de Cheyenne o pistoleiro frio e sanguinário, Jack Wilson (Jack Palance). Shane então, resolve despir-se de suas vestes de homem bom e de família e começa a mostrar a sua cara. Os acontecimentos e escaramuças da bandidagem, o colocará frente a frente com o seu velho conhecido e implacável Jack Wilson num duelo inesquecível. O final é emocionante e mostra toda a categoria de um diretor que, alguns anos depois, dirigiria três mitos: James Dean, Liz Taylor e Rock Hudson, no clássico, "Assim Caminha a Humanidade". E, com relação a Shane...meu pai tinha toda a razão.

Os Brutos Também Amam (Shane, EUA, 1953) Direção: George Stevens / Roteiro: A.B. Guthrie Jr, Jack Sher baseado na obra de Jack Schaefer / Elenco: Alan Ladd, Jean Arthur, Jack Palance, Van Heflin, Ben Johnson, Elisha Cook Jr., Brandon de Wilde / Sinopse: Shane (Allan Ladd) é um cowboy errante e solitário que chega num pequeno rancho e conquista a amizade dos moradores locais, incluindo uma bela jovem e um garoto.

Telmo Vilela Jr.

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Por Um Punhado de Dólares

Esse é um dos grandes clássicos do chamado western spaghetti. O termo que pode até soar engraçado hoje em dia se refere aos faroestes produzidos e rodados na Itália com atores e equipe técnica daquele país, muitas vezes usando pseudônimos americanizados. Como se sabe o Western é um gênero tipicamente norte-americano pois o tema central é justamente a conquista do oeste daquela nação. Os italianos porém não se importaram muito com esse detalhe e a partir da década de 60 intensificaram a produção desse tipo de filme. Além da nacionalidade outras características distinguem bem os filmes italianos dos americanos. A ação é bem mais incessante, não há muita preocupação com roteiros bem elaborados e as interpretações tendem ao exagero, com vilões cartunescos e muita violência. Esse "Por Um Punhado de Dólares" tem tudo isso mas também é uma fita diferenciada. Essa singularidade tem nome: Sergio Leone. Cineasta talentoso, hábil, ele mostra nesse filme porque ainda hoje é um considerado um dos grandes mestres do cinema.

O uso de tomadas ousadas, cenas com muito clima e detalhes, além da combinação muito bem realizada entre trilha sonora e ação fizeram toda a diferença do mundo. As cenas de violência não são ainda tão bem elaboradas como às que veríamos em futuros trabalhos assinados pelo diretor mas aqui já há nitidamente um esboço de seu estilo e forma de trabalhar. O roteiro simplório não impede que Leone consiga mostrar grandes feitos em sua direção. O próprio duelo final é um exemplo, com ótima edição e enquadramento. Para coroar ainda mais esse faroeste temos a presença de um dos grandes atores desse gênero: Clint Eastwood. Aqui ele interpreta o pistoleiro sem nome que chega numa cidadezinha empoeirada no meio do deserto. O local é disputado por dois grupos rivais, ambos violentos e extremamente armados. O personagem de Eastwood então resolve tirar proveito dessa rivalidade. O que se sucede são muitos tiroteios, duelos e cenas de ação bem ao estilo do western spaghetti. A trilha sonora de Ennio Morricone pontua cada cena, cada tensão, cada troca de tiros. Parece ser onipresente. A conclusão que se chega ao final de sua exibição é que embora muitos aspectos do filme estejam datados e ultrapassados ele ainda resiste como um excelente exemplo do tipo de cinema que se realizava na Itália durante a década de 60. Além disso é um ótimo testemunho do talento de Sergio Leone, um diretor de muito tato e inspiração. 

Por Um Punhado De Dólares (Per un pugno di dollari, Itália, 1964) Direção: Sergio Leone / Roteiro: A. Bonzzoni, Víctor Andrés / Elenco: Clint Eastwood, Gian Maria Volonté, Marianne Koch / Sinopse: Clnt Eastwood interpreta o pistoleiro sem nome que chega numa cidadezinha empoeirada no meio do deserto. O local é disputado por dois grupos rivais, ambos violentos e extremamente armados. O personagem de Eastwood então resolve tirar proveito dessa rivalidade.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Sete Homens e um Destino

Uma pequena cidade do velho oeste vive sob o jugo de um empresário inescrupuloso chamado Bartholomew Bogue (Peter Sarsgaard). Usando da violência e força bruta, respaldado por um exército de bandidos, ele humilha e extorque toda a população. Procurando por ajuda alguns moradores vão atrás de alguém que os protejam e encontram o que procuravam na figura do pistoleiro Chisolm (Denzel Washington), que forma um grupo de sete homens para libertar todas aquelas pessoas subjugadas pelo crime. Agora, ao lado de todos, eles vão tentar expulsar Bogue daquela região, custe o que custar. Aqui temos mais um remake de um filme clássico do passado. Eu já deixei claro inúmeras vezes que não gosto de remakes cinematográficos. De forma em geral eles são inúteis, desnecessários e muitas vezes decepcionantes. Essa é praticamente uma regra geral. Então no deserto de originalidade em que vive Hollywood nos dias atuais eis que surge o remake do clássico de western "The Magnificent Seven" que, por sua vez, é sempre bom lembrar, já era uma versão Made in USA do filme de Akira Kurosawa, "Os Sete Samurais".

Pois bem, nesse novo filme, turbinado por um orçamento generoso, tendo como destaque a presença do astro Denzel Washington, temos algumas modificações na estória, muito embora a espinha dorsal dos filmes originais se tenha mantido. Basicamente é a mesma coisa, com pessoas de uma cidade oprimida por uma quadrilha que procuram por alguma ajuda. Embora seja um bom faroeste - é inegável isso - essa nova versão tem alguns problemas. O primeiro deles é o fato do diretor Antoine Fuqua ter optado por realizar um filme longo demais. Esse tipo de filme, com esse tipo de enredo, não necessita de uma metragem tão extensa. Se o corte final fosse mais enxuto penso que o filme ganharia mais em termos de agilidade e edição. O fato de Fuqua ter procurado levar à sério demais o próprio enredo também é um problema. Nunca foi essa a proposta da primeira versão americana. Por fim temos a violência, que em determinados momentos extrapola um pouco. São problemas eventuais, pontuais, que não chegam a atrapalhar muito. O filme foi malhado bastante desde que foi lançado, mas penso que não é para tanto. É um faroeste bem produzido, com um elenco interessante, embora em minha opinião Denzel Washington esteja um pouco fora de seu habitual. Passa longe de ser tão ruim como alguns críticos afirmaram. Na verdade, na pior das hipóteses, temos aqui pelo menos uma boa diversão. Sim, continua desnecessário, como todo remake, mas com um pouquinho de boa vontade até que não faz feio. Escapou de ser um filme inútil.

Sete Homens e um Destino (The Magnificent Seven, Estados Unidos, 2016) Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) Direção: Antoine Fuqua / Roteiro: Nic Pizzolatto, Richard Wenk / Elenco: Denzel Washington, Chris Pratt, Ethan Hawke, Vincent D'Onofrio, Peter Sarsgaard, Manuel Garcia-Rulfo / Sinopse: Um pequeno e pacata vilarejo, oprimido por uma quadrilha de mercenários, bandoleiros e ladrões, pede ajuda a um pequeno grupo de pistoleiros que se dispõe a ajudá-los. Filme baseado no clássico "The Magnificent Seven" de 1967. Filme indicado ao Black Reel Awards na categoria de Melhor Ator (Denzel Washington).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Os Oito Odiados

Como o próprio material promocional do filme deixa claro temos aqui o oitavo filme de Quentin Tarantino, o segundo no gênero western. O enredo é dos mais simples: O caçador de recompensas John Ruth (Kurt Russell) aluga uma diligência para levar sua prisioneira Daisy (Leigh) até Red Rock. A viagem é dura pois é realizada no meio de uma forte nevasca. No caminho eis que surge o Major Marquis (Jackson). Seu cavalo morreu por causa do clima hostil e ele está com dois corpos de foragidos. Pretende também levá-los a Red Rock para embolsar o prêmio de suas capturas. No começo Ruth reluta em lhe dar uma carona, mas depois de um diálogo dos mais interessantes (marca registrada de Tarantino) resolve lhe ajudar. 

A viagem segue. Mais a frente outra surpresa. Eles encontram Chris Mannix (Goggins) no meio da estrada coberta de neve. Ele se diz o novo xerife de Red Rock. Abrindo mais uma exceção Ruth resolve lhe ajudar também. Juntos acabam parando em uma estalagem, usualmente usada como posto de paradas em longas viagens. Ela pertence a uma velha conhecida de Ruth, mas para sua surpresa ela não está lá. Também não está seu fiel companheiro. No lugar deles há um grupo de homens. Não demora muito para que Marquis desconfie que algo muito estranho está prestes a acontecer naquele lugar esquecido por Deus.

"Os Oito Odiados" é mais uma tentativa de Tarantino em levar seu estilo único para o velho oeste. A boa notícia é que ele realizou realmente um bom filme. Não diria porém que está isento de críticas. Há uma duração excessiva (quase três horas de duração para um enredo tão simples é certamente um exagero), violência insana e gratuita (nada que irá decepcionar os fãs do diretor), atos de vulgaridade desnecessários (como a cena de sexo oral com o personagem de Samuel L. Jackson) e uma quebra de ritmo no terceiro ato do filme. Mesmo assim diverte e agrada. O que salva esse filme é a mesma característica que salvou em último análise todos os filmes anteriores do diretor, ou seja, uma profusão de ótimos diálogos, o desenvolvimento psicológico de praticamente todos os personagens, além do sempre presente clima surreal de contar suas histórias. Tarantino parece ter uma mente dual, pelo menos em relação aos seus personagens e isso volta a se refletir por aqui. No geral é certamente muito interessante, longe da banalidade do que anda se vendo nas telas. Não é o melhor em termos de Quentin Tarantino, mas certamente é muito melhor do que noventa por cento do que se vê hoje em dia nas telas. Vale a pena assistir, não tenha dúvidas disso.


Os oito odiados (The Hateful Eight, EUA, 2015) Direção: Quentin Tarantino / Roteiro: Quentin Tarantino / Elenco: Kurt Russell, Samuel L. Jackson, Jennifer Jason Leigh, Tim Roth, Walton Goggins, Demián Bichir, Michael Madsen, Bruce Dern / Sinopse: O caçador de recompensas John Ruth (Kurt Russell) acaba levando de carona em sua diligência dois homens que encontrou por acaso no meio da estrada, durante uma forte tempestade. Eles acabam parando numa velha estalagem que mais se parece com um armadilha mortal. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Trilha Sonora (Ennio Morricone).

Pablo Aluísio.