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segunda-feira, 29 de abril de 2024

Clint Eastwood e o Western - Parte 3

Existem filmes que mudam não apenas a carreira de um ator, mas o próprio cinema. No caso do ator Clint Eastwood, foi justamente isso o que aconteceu. Sua carreira de ator vinha em um momento ruim, não estava sendo muito bem sucedida. Ele havia feito alguns filmes menores e havia participado também de duas séries de faroeste na televisão. Estou me referindo a "Maverick" e a "Rawhide". Depois disso, nada de muito interessante aconteceu, até que surgiu um convite que mudaria tudo. Ele foi convidado para atuar em um filme europeu chamado "Por um Punhado de Dólares". Este faroeste seria dirigido pelo excelente diretor Sergio Leone. Era o ano de 1964 e o mundo vivia revoluções culturais, como a Beatlemania e a Nouvelle Vague. Clint então embarcou rumo a Itália para novos desafios em sua carreira de ator.

A verdade é que o cinema italiano havia se transformado em uma verdadeira indústria cultural. Diretores italianos descobriram que conseguiam fazer filmes de faroeste tão bem sucedidos comercialmente como os originais americanos. Sua grande sacada foi apostar em um tipo de filme mais realista. Nos Estados Unidos havia uma tradição de filmes de faroeste onde os cowboys apareciam em roupas coloridas. Muitas vezes esses filmes eram destinados a um público juvenil, para serem exibidos em matinês de fim de semana. Os cineastas e roteiristas italianos olharam para aquilo e viram que não era uma verdade histórica. Os verdadeiros cowboys que viveram no velho Oeste não eram figuras pop. Eram tipos brutos, sujos e mortais. Então eles obviamente apostaram nesse tipo de personagem.

Assim nasceu o western spaghetti. Foi um grande sucesso de bilheteria no mundo inteiro. Muitos fãs de faroeste da época preferiam as produções italianas até mesmo em relação às produções americanas. A violência estilizada, as trilhas sonoras marcantes e os roteiros realistas atraíam muito mais um público de gosto bem popular. E as filmagens eram realizadas geralmente no deserto da Espanha, uma região que parecia muito com os desertos americanos. Nos cinemas os filmes rendiam milhões de dólares ao redor do mundo. E com o sucesso, veio também a fartura das produções, que poderiam até mesmo de se dar ao luxo de contratar atores americanos para estrelar esses filmes. Não eram astros de primeira grandeza do cinema americano, mas atores secundários que tinham o tipo ideal para os filmes que eram feitos agora no velho continente.

Clint Eastwood foi um dos muitos atores americanos que aceitaram trabalhar na Itália. Os cachês eram muito bons e eles tinham a chance de serem os astros principais desses faroestes. A aposta foi certeira porque, curiosamente, Clint iria se tornar um astro de cinema não em Hollywood, mas sim em Roma, em produções feitas e dirigidas por cineastas italianos. Ele havia sido escolhido pessoalmente por Sergio Leone para estrelar o seu próximo filme. "Por um Punhado de Dólares" fez muito sucesso e foi muito debatido em revistas de cinema. O próprio público americano ficou extremamente surpreso com o que assistiu. Era um novo paradigma no gênero faroeste. Clint Eastwood com cara de mau e cigarro no canto da boca, não fazia pose de mocinho. Era simplesmente um sujeito durão vivendo no velho Oeste. E o público da época queria ver justamente isso nas telas de cinema.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 28 de março de 2024

Clint Eastwood e o Western - Parte 2

Clint Eastwood não planejou sua carreira de ator como astro de filmes de western. As coisas simplesmente foram acontecendo. Em 1958 ele conseguiu um papel em um faroeste B chamado "Emboscada em Cimarron Pass" (Ambush at Cimarron Pass). Essa é uma produção bem difícil de se achar nos dias de hoje. É um filme pouco conhecido, obscuro, que poucos colecionadores possuem. Quase ninguém assistiu. Vale sobretudo por trazer Clint Eastwood ainda bem jovem, já no papel de cowboy, o tipo que iria consagrar sua carreira. Fora isso nada de muito relevante em termos cinematográficos.

Dirigido por Jodie Copelan, com Scott Brady e Margia Dean no elenco, o roteiro baseado em um livro escrito por Robert A. Reeds, contava uma história que se passava em 1867 no velho oeste americano. Clint interpretava um sujeito chamado Keith Williams. Ele era um homem que tentava sobreviver em um território distante, uma reserva Apache em guerra, onde soldados do exército americano, da União, literalmente caçavam ex-soldados confederados que tinham se tornado bandoleiros e assassinos. Anos depois Clint Eastwood não iria ser refinado ao se lembrar desse filme, dizendo que ele era "provavelmente o pior western que já existiu!". Sua opinião não incomodaria os produtores. Depois que Clint se tornou um astro de Hollywood, o estúdio resolveu relançar o filme nos cinemas, já durante a década de 60. Era impossível perder a chance de faturar alto com seu nome, afinal de contas era um faroeste com Clint Eastwood, que mesmo sendo ruim ainda poderia gerar um bom faturamento nas bilheterias.

Depois de atuar em um filme sobre a I Guerra Mundial chamado "Lutando Só Pela Glória", Clint conseguiu uma excelente oportunidade, mas não no cinema e sim na TV.  Ele foi contratado para atuar na série de grande sucesso de audiência "Maverick". O programa estava entre os mais assistidos do país e contava com o astro James Garner como o famoso jogador de cartas que se envolvia em inúmeras aventuras durante a corrida rumo ao oeste. Atores famosos como Roger Moore (que iria se tornar o futuro James Bond no cinema) também atuavam nessa série. A chance de atuar nesse programa de TV tinha sua importância, pois serviria como vitrine de seu trabalho. Clint Eastwood acabou atuando no episódio "Duel at Sundown" onde ele interpretava um vilão. Aqui Clint repetia o mesmo tipo de personagem durão, de poucas palavras, de procedência desconhecida e futuro incerto que iria se tornar imortal. O típico pistoleiro sem nome, que ele iria eternizar em seus futuros filmes.

É curioso que Clint nem estava muito longe de seu primeiro grande filme, "Por um Punhado de Dólares", mas ao mesmo tempo parecia meio desanimado com sua carreira de ator que parecia não decolar como ele planejava. Depois de atuar em mais uma série de TV, dessa vez sob o selo do mestre do suspense Alfred Hitchcock, no programa "Alfred Hitchcock Presents", ele resolveu dar um tempo para repensar sua vida. Durante 3 anos Clint pensou seriamente em abandonar o sonho de viver como ator de cinema. Ele planejou tentar outras carreiras, outras profissões. Começou a se interessar pelo ofício de dirigir ou escrever roteiros. Mal sabia ele que em breve iria conhecer um cineasta italiano que iria mudar sua vida para sempre.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Clint Eastwood e o Western - Parte 1

Depois de John Wayne o grande nome do western como gênero cinematográfica inegavelmente foi Clint Eastwood. Isso é curioso por vários motivos. Clint não participou da chamada era de ouro do faroeste americano, que ocorreu por volta dos anos 40 e 50. Ele só veio a surgir um pouco depois, quando o western já era considerado pelos críticos como um estilo de cinema ultrapassado, superado. Contra todas essas visões pessimistas Clint começou a estrelar seus filmes de western, na Itália e nos Estados Unidos. Com isso acabou se tornando um dos maiores astros da sétima arte.

O ator nasceu na Califórnia, em San Francisco, no ano de 1930. Sim, ele até teria idade para despontar nos anos 50, quando já tinha vinte anos, porém a carreira para Clint demorou um pouco a decolar. Hoje em dia ele é aclamado não apenas como um ator de sucesso, mas também como um cineasta extremamente talentoso, indicado várias vezes ao Oscar. E tudo começou com atuações em pequenas produções, filmes modestos, que serviram para, em um primeiro momento, apresentar Clint ao público espectador de cinema e TV.

O primeiro filme de sua carreira foi um filme de terror trash, uma produção B chamada "A Revanche do Monstro". Um daqueles filmes nada promissores que passavam em cinemas poeirentos do interior dos Estados Unidos. O curioso sobre esse comecinho de sua carreira como ator é que Clint foi pegando os trabalhos que eram oferecidos, sem se importar muito com a qualidade dos filmes. Algo comum e esperado para quem não tinha experiência e precisava essencialmente arranjar algum trabalho como ator para sobreviver.

Assim, ainda em 1955, lá estava o jovem Clint Eastwood envolvido em outro filme trash com monstros chamado "Tarântula!" Como era de praxe em filmes desse estilo na época tudo acontecia quando um inseto (uma aranha) era exposta a radiação! Depois disso ela começava a crescer sem parar, se transformando em um monstro de 9 metros de altura! Uma bobagem divertida daqueles tempos mais inocentes. A direção era do cineasta Jack Arnold, que foi o primeiro a enxergar em Clint um cowboy das telas. Conta-se que ele encarou o jovem ator durante um intervalo e disparou: "Ei, você deveria estar em um filme de western! Tem jeito para isso!". Um conselho e uma dica que Clint jamais esqueceria.

Pablo Aluísio.