quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Novo Livro sobre Marlon Brando

Marlon Brando 
Estou lançando esse primeiro livro do nosso blog. O tema é a carreira e os filmes do ator Marlon Brando. Será o primeiro de vários livros contando a história de Hollywood, formando uma coleção. Assim ampliamos o alcance de nosso trabalho. Essa primeira coleção será sobre grandes nomes do cinema clássico em sua era de ouro. Os primeiros volumes terão além de Marlon Brando, Marilyn Monroe, James Dean e Elvis Presley (focando em sua carreira no cinema). 

Esse primeiro livro conta a história da vida e da obra do ator Marlon Brando. Todos os seus filmes são analisados de forma detalhada. A filmografia completa está em suas páginas, em ordem cronológica. Além disso o livro traz vários artigos, textos e curiosidades sobre esse grande mito da história do cinema americano e da Hollywood em sua fase de ouro. 

Então deixamos o convite para adquirir o livro. Ao comprá-lo o leitor estará levando informação de qualidade para casa, além de ajudar na manutenção do nosso trabalho aqui no blog. Para adquirir o novo livro basta clicar no link abaixo, para comprar o livro no site da própria editora. 


Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Os Filmes de Faroeste de John Wayne - Parte 10

A carreira de John Wayne seguiu em frente. Alguns filmes rendiam excelentes bilheterias, outros nem tanto. De uma maneira ou outra o ator foi compreendendo que seu público era formado basicamente por jovens que adoravam filmes de western. Por isso Wayne firmou seus pés nesse popular gênero cinematográfico, pronto para assumir o trono que um dia havia sido de Tom Mix e outros cowboys famosos da sétima arte. Era algo natural para ele. Poucos, porém, sabiam que John Wayne não apenas iria superar todos os anteriores em popularidade, como também se tornaria o maior astro de Hollywood nos filmes de faroeste. E seguindo nessa mesma linha John Wayne estrelou "A Ferro e Fogo" (Randy Rides Alone, Estados Unidos, 1934). No poster original desse filme ele aparecia majestoso empinando seu grande cavalo branco. Dirigido por Harry L. Fraser e contando em seu elenco com um amigo de Wayne de longa data, o divertido George 'Gabby' Hayes, o filme trazia Wayne interpretando o personagem Randy Bowers, um cowboy honesto acusado injustamente de um crime que nunca havia cometido. Durante o filme ele tentava provar sua inocência se infiltrando no bando onde estava o verdadeiro criminoso.

"Sombra de Sangue" (The Star Packer, Estados Unidos, 1934) chegou aos cinemas poucos meses depois que seu último filme havia estreado nas telas de cinema. Os estúdios produziam esses faroestes em ritmo industrial e as fitas eram tão lucrativas que em pouco tempo se tornaram o alicerce de praticamente todo grande estúdio de Hollywood. Esse filme em particular foi um dos poucos que John Wayne trabalhou numa companhia pequena chamada Monogram Pictures. Usando os cenários emprestados da Columbia Pictures o filme foi feito a toque de caixa, faturando novamente muito bem nas bilheterias. Era de certa forma lucro certo tanto para os produtores como para o próprio John Wayne. E praticamente a mesma equipe se reuniu para trabalhar novamente juntos em "Para Lá da Estrada" (The Trail Beyond, Estados Unidos, 1934). A direção foi mais uma vez entregue a Robert N. Bradbury. Esse foi o cineasta que mais trabalhou ao lado de John Wayne nessa fase de sua carreira. Muitas pessoas lembram imediatamente de John Ford quando se fala em John Wayne e seus filmes de western, porém a verdade histórica é que ele de fato trabalhou com muitos outros cineastas ao longo da vida. Apenas esses não tiveram o mesmo reconhecimento que John Ford teve e nem seus filmes (na maioria fitas B de matinê) ganharam a notoriedade dos grandes épicos do velho oeste que foram dirigidos por Ford alguns anos depois.

John Wayne teve uma longa parceria com o diretor Robert N. Bradbury (que na época assinava os seus filmes como R.N. Bradbury). Juntos trabalharam em diversas produções dos estúdios pertencentes ao produtor Paul Malvern. Muitos desses faroestes de matinê foram feitos pela Lone Star Productions, um selo cinematográfico da época especializado apenas em filmes de western. Naqueles tempos os filmes de cowboys e índios eram os mais populares do cinema, principalmente para o público mais jovem. Qualquer filme nesse estilo acabava se tornando altamente lucrativo. Era o gênero cinematográfico preferido da América. Um desses sucessos de bilheteria foi "Fronteiras Sem Lei" (The Lawless Frontier). Aqui John Wayne interpretava um personagem chamado John Tobin. Ele era um cowboy de bom coração que via sua vida virar de ponta cabeça após a morte de seus pais. O assassino era um bandoleiro mexicano violento conhecido como Pandro Zanti.  Como a lei da fronteira não conseguia se impor a tantos bandidos era chegado a hora de fazer justiça pelas próprias mãos. O filme claro tinha todos os elementos que os fãs de Wayne na época adoravam. Inclusive o sempre interessante tema da vingança pessoal contra uma injustiça cometida por criminosos.

No filme seguinte, o último do ano, John Wayne voltou ao velho oeste no faroeste "Sob o Sol do Arizona" (Neath the Arizona Skie). Era uma espécie de redenção para o astro, agora já uma verdadeira estrela de Hollywood, com seu nome em destaque nos cartazes das produções em que atuava. Para quem havia começado a carreira como um desconhecido dublê, era um grande avanço, sem dúvida. A trama tinha lá seus elementos de histórias de detetive também. John Wayne era o homem da lei que tentava decifrar um mistério. Uma menina, herdeira de uma fortuna em petróleo, havia sido sequestrada. Quem estaria por trás do terrível crime? Curiosamente o próprio ator acabou não gostando muito do filme. Para ele o roteiro era mais adequado para um filme com o personagem Sherlock Holmes. Vaqueiros em seus cavalos não deveriam ser transformados em detetives. Quem poderia discordar dele? John Wayne certamente sabia das coisas em se tratando de filmes de faroeste. Isso era bem óbvio. E com a aposentadoria de Tom Mix ele estava pronto para se tornar o astro mais popular dos filmes de western.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 13 de agosto de 2024

Os Filmes de Faroeste de John Wayne - Parte 9

"Na Pista do Traidor" (Riders of Destiny, EUA, 1933) foi anunciado pelo estúdio como "um dos grandes filmes de western do ano". Não era para menos. Embora atuasse em outros gêneros cinematográficos o fato é que os filmes de faroeste estrelados por John Wayne já tinham se tornado um chamariz de bilheteria por todos os cinemas americanos. Ele podia até mesmo se considerar um astro tal como Tom Mix, seu grande espelho e fonte de inspiração nessa fase inicial de sua filmografia. Esse western de matinê foi dirigido por Robert N. Bradbury, diretor com quem Wayne sempre se deu bem. A carismática atriz Cecilia Parker foi escalada para ser sua parceria no filme. Revistas de fofocas populares da época diziam que o grandalhão Wayne estava tendo um caso amoroso com sua estrelinha loira, mas isso nunca foi confirmado pelo ator.

Seu filme seguinte, "Justiça Selvagem" (Sagebrush Trail, EUA, 1933) apelava mais para as cenas de ação. John Wayne interpretava um personagem chamado John Brant, um fugitivo da lei, acusado sem provas, que fugia para o velho oeste em busca da liberdade. Adotando o nome de "Smith" ele procurava se esconder do longo braço da lei que estava sempre em seu encalço. Essa produção da Paul Malvern Productions (uma empresa cinematográfica que iria à falência em poucos anos) contava com excelentes cenas de perseguição, usando inclusive um velho trem de carga. "Armando o Laço" (West of the Divide, EUA, 1934) foi o primeiro filme do ator a ser lançado no ano de 34. Novamente Wayne voltava a trabalhar com o cineasta Robert N. Bradbury. Se no filme anterior ele era um fugitivo perseguido, agora ele seria o perseguidor, nesse faroeste muito movimentado onde interpretava um homem em busca de vingança. Após o assassinato de seu pai ele passava a perseguir os criminosos, usando uma nova identidade, se infiltrando na quadrilha de bandoleiros. O elenco ainda contava com Virginia Brown Faire e George 'Gabby' Hayes. Lançado nas férias escolares foi outro grande sucesso de bilheteria de sua carreira.

Todos os elementos que fizeram o sucesso e a fama de John Wayne já podiam ser encontrados no filme "A Lei do Gatilho" (Blue Steel, Estados Unidos, 1934). Embora o ator ainda adotasse influências do astro Tom Mix, inclusive usando de parte de seu figurino, com aquele grande chapéu branco, já se podia notar que ele havia encontrado seu próprio caminho, seu próprio estilo. Nesse faroeste John Wayne interpreta um agente federal chamado John Carruthers. Ele acaba presenciando um roubo, um assalto, mas sem armas nada pode fazer. O pior é que o xerife da cidade onde ocorreu o crime passa a suspeitar dele como um cúmplice da quadrilha de criminosos. Dirigido pelo cineasta Robert N. Bradbury, que já havia trabalhado muitas vezes antes com Wayne, ainda trazia no elenco o ator característico George 'Gabby' Hayes, aquele velhinho de fala engraçada e boca sem dentes que Wayne iria fazer questão de levar para trabalhar ao seu lado nos filmes de John Ford. Muitas vezes usado como alívio cômico, ele costumava roubar as cenas em que aparecia por causa do humor. Era aquele tipo de ator naturalmente engraçado e divertido que não precisava fazer força para tirar risadas do público.

O próximo filme de John Wayne foi mais um western. Intitulado "O Torneio da Morte" (The Man from Utah, Estados Unidos, 1934) era mais um trabalho em parceria com o diretor Robert N. Bradbury. Anos depois ele lembraria que os estúdios economizavam o máximo possível de custos, por isso era comum a produção de três a quatro filmes em série, um atrás do outro, geralmente com a mesma equipe técnica, figurinos, cavalos, cenários, etc. Lucrar com economia era a ordem do dia para muitos produtores da época. Nesse filme havia como ponto central um importante rodeio. John Wayne interpretava um dos competidores. Ele era muito bom e tinha o melhor cavalo da competição, o que fazia com que os vilões elaborassem um plano para prejudicá-lo, inclusive tentando envenenar seu animal. O faroeste vencia pela simpatia do protagonista e pelas ótimas cenas de ação e rodeio. E quando chegou nos cinemas se tornou rapidamente mais um sucesso com o nome de John Wayne nas marquises.

Pablo Aluísio.

James Stewart e o Western - Parte 1

James Stewart foi a prova que o homem comum também poderia se tornar um astro em Hollywood. Ele não tinha a altura e a beleza de um Rock Hudson, nem a coragem de um John Wayne, mesmo assim brilhou nas telas e teve uma filmografia tão ou mais rica do que esses dois mitos da era de ouro do cinema americano. Na verdade Stewart era um sujeito bem simples, comum, interiorano, que teve a rara sorte de trabalhar com alguns dos melhores cineastas de todos os tempos em filmes clássicos que jamais serão esquecidos. Provavelmente o diretor que o tornou imortal foi Frank Capra. Quando Stewart chegou em Hollywood, vindo do interior, sendo filho de um dono de lojas de ferragens, ele não encontrou as portas dos estúdios abertas para ele.

Na verdade Stewart amargou um bom tempo como figurante e depois como coadjuvante em filmes de pouca expressão. Sua sorte mudou quando Capra viu nele justamente aquela que era sua maior marca registrada: o jeito e a imagem do homem comum, do trabalhador operário de bom coração. Eram os tempos da grande depressão, a economia americana estava arruinada, com muito desemprego e pobreza. Para o otimista Capra a única forma de levantar a nação era levantando sua autoestima, sua moral. Por isso ele resolveu filmar uma série de roteiros que traziam mensagens positivas ao povo americano, sempre levando seu ânimo, trazendo uma carga única de esperança. Para interpretar seus protagonistas Capra não poderia ter encontrado ator mais ideal. Assim James Stewart começou a virar um astro com "Do Mundo Nada se Leva", uma verdadeira ode ao pensamento positivo. Depois vieram mais clássicos absolutos como "A Felicidade Não Se Compra" e "A Mulher Faz o Homem". Todos esses filmes são verdadeiras obras primas do cinema.

Em busca da mesma empatia outros mestres do cinema resolveram escalar James Stewart em seus filmes, especialmente o mestre do suspense Alfred Hitchcock. Sempre que surgia o personagem do cidadão comum, honesto e trabalhador, que se via numa situação excepcional, o velho Hitch telefonava ao ator sabendo se ele estava disponível. "Festim Diabólico", "Janela Indiscreta" (talvez a grande obra prima ao lado de Hitchcock), "O Homem que Sabia Demais" e "Um Corpo que Cai" são obras primas que por si só já valeriam a imortalidade de Stewart na sétima arte. Isso porém foi apenas uma parte de sua carreira, quando interpretava tipos urbanos em tramas de suspense que até hoje seguem insuperáveis.

Por fim, como se já não bastasse realizar tantos clássicos ao lado de Capra e Hitchcock, James Stewart também brilhou no mais americano de todos os gêneros cinematográficos: o Western. Ele foi um dos mais regulares atores do estilo, participando de inúmeras produções com destaque para os filmes que rodou ao lado de John Ford e Anthony Mann. Com esse último tinha uma relação de amizade e ódio. De todos os diretores com quem trabalhou foi o que mais gostou de atuar, segundo suas próprias palavras. Certamente ao lado de Mann ele não chegou ao ponto de estrelar filmes tão importantes como "O Homem que Matou o Facínora" (considerado um dos dez melhores faroestes de todos os tempos), mas rodou produções que ficaram na memória como "Winchester 73" e "Um Certo Capitão Lockhart". Foi realmente uma dupla inesquecível. Embora tenha concorrido por cinco vezes ao Oscar só foi premiado uma única vez, por "Núpcias do Escândalo". James Stewart faleceu em 1997 deixando uma filmografia realmente inigualável. Provavelmente tenha sido o ator que mais participou de obras primas do cinema ao longo da história. Nesse quesito ele realmente foi único. Nada mal para alguém que se dizia ser apenas um homem comum, com bons sentimentos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 6 de agosto de 2024

A Lei da Fronteira

Título no Brasil: A Lei da Fronteira
Título Original: Frontier Marshal
Ano de Produção: 1939
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Allan Dwan
Roteiro: Stuart N. Lake, Sam Hellman
Elenco: Randolph Scott, Nancy Kelly, Cesar Romero

Sinopse:
Tombstone é uma cidade infestada de bandidos. Conhecida por ser uma terra sem lei, a região acaba se tornando ponto de encontro de assassinos, assaltantes de trem e facínoras em geral. Aterrorizados, os cidadãos de bem do local resolvem eleger um novo xerife! Para a função terá que ser escolhido alguém realmente rápido no gatilho, que esteja disposto a enfrentar o crime sem medo, pois não será fácil limpar toda aquela sujeira. A escolha acaba caindo nos ombros de Wyatt Earp (Randolph Scott) que está disposto a impor a lei e a ordem novamente na pequena Tombstone. 

Comentários:
Esse é certamente um dos mais clássicos filmes da carreira de Randolph Scott. Não poderia ser diferente, afinal de contas ele interpreta o lendário xerife e homem da lei Wyatt Earp! A junção desses dois mitos não poderia resultar em nada menos do que memorável. Curiosamente, apesar de ser reconhecidamente um dos melhores filmes já feitos sobre o tiroteio do O.K. Corral, o roteiro toma certas liberdades com a história real. Só para citar a mais famosa delas, aqui temos a morte de Doc Halliday (Cesar Romero), que antecede o famoso confronto entre Earp e os bandoleiros no famoso curral de Tombstone. Na história real Doc não morreu como mostrado no filme, pelo contrário, ele vai até o O.K. para enfrentar ao lado de Earp todo o bando de criminosos naquele que, até hoje, é considerado o maior duelo da história do velho oeste. Isso porém não desmerece as qualidades de um western clássico que é extremamente bem realizado. Randolph Scott está perfeito em seu papel e até mesmo Cesar Romero convence plenamente como Doc, o dentista jogador e tuberculoso que se tornou um dos mais conhecidos pistoleiros da mitologia do western americano. Mais um exemplo do talento do subestimado cineasta Allan Dwan. Em suma, um título para se ter na coleção, assim você poderá sempre rever o mito Randolph Scott na pele do mais famoso xerife de todos os tempos.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 1 de agosto de 2024

O Pistoleiro do Wyoming

Título no Brasil: O Pistoleiro do Wyoming
Título Original: Wyoming Outlaw
Ano de Produção: 1939
País: Estados Unidos
Estúdio: Republic Pictures
Direção: George Sherman
Roteiro: Jack Natteford, Betty Burbridge
Elenco: John Wayne, Don 'Red' Barry, Ray Corrigan, Raymond Hatton

Sinopse:
Will Parker (Don 'Red' Barry) é um rancheiro do Wyoming que devido ao hostil clima da região acaba perdendo toda a sua safra. Desesperado para alimentar seus familiares ele se une a um bando de ladrões de gado. Após um confronto é capturado e preso mas ele não se dá por vencido e foge da prisão, começando uma verdadeira caçada para capturá-lo. Roteiro levemente inspirado em fatos reais.

Comentários:
Filme da Republic Pictures que conta em seu elenco com o famoso John Wayne. Infelizmente os fãs do Duke não precisam ficar muito eufóricos pois o filme não gira em torno do mais famoso cowboy da sétima arte. Na verdade seu personagem, Stony Brooke, é bem secundário. Quem for assistir a esse filme pensando em Wayne certamente se decepcionará por essa razão. No geral é um filme B, feito especialmente para matinês, muito curtinho e rápido que vai direto ao ponto. É um bangue-bangue tradicional, sem maiores surpresas. O roteiro ainda ensaia um pouco mais de capricho no que diz respeito ao personagem principal, um rancheiro que entra para o mundo do crime por necessidade, mas não vai muito adiante em relação a isso. Wayne surge com um figurino que lembra bastante o ídolo Tom Mix, com um enorme chapéu branco, além de roupas claras, impecáveis para quem vive no velho oeste americano. Enfim, coisas de Hollywood da época. Em suma, um faroeste da velha escola que mesmo sendo de rotina segue sendo lembrado por causa da presença do imortal John Wayne.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 29 de julho de 2024

Sabata Adeus

Título no Brasil: Sabata Adeus
Título Original: Indio Black, Sai Che Ti Dico: Sei Un Gran Figlio Di...
Ano de Produção: 1970
País: Itália, Espanha
Estúdio: Produzioni Europee Associati (PEA)
Direção: Gianfranco Parolini
Roteiro: Renato Izzo
Elenco: Yul Brynner, Dean Reed, Ignazio Spalla
  
Sinopse:
Sabata (Yul Brynner), o infame pistoleiro vestido de negro, resolve liderar um grupo de bandoleiros na perigosa tarefa de roubar um rico carregamento de ouro proveniente do império austro-húngaro em direção ao México. Para deter os impulsos criminosos de Sabata e seus homens a fortuna passa a ser protegida pelo Coronel Skimmel (Gérard Herter), um militar veterano e linha dura que está determinado a capturar e matar Sabata a todo custo.

Comentários:
Esse é o segundo filme presente no box The Spaghetti Western Collection. Como se sabe o personagem Sabata foi imortalizado nas telas pelo ator Lee Van Cleef em "Sabata, o Homem que Veio para Matar" (1969). Apesar do grande sucesso de bilheteria ele recusou todas as propostas para voltar ao papel. Estava com receios de ficar marcado apenas por um personagem. Assim os produtores tiveram que pensar em um substituto à altura. Resolveram então importar o russo Yuli Borisovich Bryner do cinema americano. Brynner naquela altura já estava consagrado graças a filmes de sucesso que realizou nos Estados Unidos como por exemplo o clássico western "Sete Homens e um Destino". Isso por si só já trazia grande publicidade para o filme. Além disso o fato de interpretar um personagem tão marcante como Sabata chamaria a atenção do público em geral de uma maneira ou outra. De fato o filme fez sucesso, mas também foi alvo de críticas, principalmente por causa de Brynner, acusado de não ter conseguido fazer um grande trabalho com o famoso pistoleiro do western spaghetti. Em minha opinião ele não se saiu mal, o problema é que o público realmente queria reencontrar Cleef do filme original. Tanto que atendendo aos apelos dos fãs Lee Van Cleef finalmente aceitaria fazer novamente Sabata em "Sabata Vem para Vingar" (1971), sua despedida final do personagem. Esse "Sabata Adeus" tem uma excelente produção (o filme foi rodado nos famosos estúdios de Cinecittà em Roma), mas realmente não criou um vínculo maior com seu público. Agora, passados tantos anos, temos uma boa oportunidade para fazer uma revisão mais imparcial sobre os méritos dessa obra cinematográfica.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 23 de julho de 2024

Randolph Scott e o Velho Oeste - Parte 4

O diretor Henry Hathaway voltou a pedir ao estúdio que contratasse Randolph Scott para mais um faroeste. Ele havia assinado para trabalhar na direção da adaptação para as telas de cinema do romance de Zane Grey. Em sua visão apenas Scott tinha os atributos para interpretar o personagem principal, um cowboy chamado Chane Weymer. O filme iria se chamar "Wild Horse Mesa" (no Brasil recebeu o título de "Audácia Entre Adversários").

O roteiro desse western era bem interessante, mostrando os conflitos e lutas de um rancheiro que desejava tocar sua vida em uma região inóspita, bem no meio do deserto do Arizona. As filmagens foram feitas em locações desérticas, algo que exigiu muito do elenco e da equipe técnica. Scott ficou bem amigo da estrela do filme, Sally Blane. Essa aproximação (que não passava de simples amizade) acabou caindo nas revistas de fofocas, onde se dizia que os dois atores estavam tendo um caso no set de filmagens. "Pura mentira, mas que ajudava a promover o filme" - relembraria anos depois o próprio ator.

"Wild Horse Mesa" foi sucesso de bilheteria. Ainda hoje é cultuado pelos fãs do gênero western. Um bom filme certamente, embora não fugisse muita da mitologia auto centrada que os estúdios de cinema tinham criado para os filmes de faroeste. Havia o mocinho, a mocinha que seria conquistada, os vilões malvados e, é claro, a exuberância dos cenários naturais. A diferença é que o filme foi dirigido pelo grande e talentoso cineasta Henry Hathaway que iria se notabilizar em Hollywood pela diversidade de filmes que dirigiu. Embora tenha feito também grandes filmes de western, inclusive ao lado de John Wayne, esse cineasta procurava ser o mais eclético possível, passeando por todos os tipos de filmes, sem ficar preso a nenhum gênero.

Algo que Randolph Scott tentou no começo da carreira, embora no íntimo ele soubesse que seu futuro vinha mesmo dos filmes de faroeste. Seu próximo filme demontra bem isso, um dos poucos filmes de terror e suspense da filmografia de Randolph Scott. "Vingança Diabólica" foi dirigido por A. Edward Sutherland, um cineasta inglês que tentava melhorar a qualidade dos filmes de terror nos Estados Unidos. Os ingleses eram considerados mestres no suspense cinematográfico naquela época. "Não deu certo!" - confidenciaria anos depois o ator. "Eu não fui bem nesse filme. Estava deslocado, sem saber muito bem o que fazer! Essa coisa de terror não era a minha área." Ao contrário do faroeste anterior essa fita com ares de cinema noir foi um fracasso de bilheteria, fazendo com que Randolph Scott começasse a se concentrar nos cavalos, nas esporas, nas estrelas de xerife e nos duelos ao pôr do sol. Os filmes de western eram mesmo o seu porto seguro em termos de público e crítica.

Pablo Aluísio.