quinta-feira, 29 de agosto de 2024
James Stewart e o Western - Parte 2
Seu primeiro grande sucesso nas telas de cinema veio em 1938 com "Do Mundo Nada se Leva". Esse foi o primeiro clássico do ator ao lado do diretor Frank Capra. Esse cineasta queria levantar a moral de uma América abalada pela grande depressão. Por isso seus filmes nesse período tinham uma clara mensagem positiva, de otimismo, de esperança no futuro. James Stewart com sua imagem de homem íntegro do interior, do meio oeste, se encaixava perfeitamente nesse tipo de personagem. Depois de "A Mulher Faz o Homem", também assinado por Capra, foi que James Stewart atuou em seu primeiro western.
O filme se chamava "Atire a Primeira Pedra". Lançado em 1939, com direção do especialista em filmes de faroeste George Marshall (um dos maiores nomes do gênero em todos os tempos), o filme contava ainda com a estrela Marlene Dietrich. Na época de seu lançamento houve algumas críticas pelo fato do filme não ser um western tão tradicional como todos esperavam. Na verdade a presença de Marlene Dietrich exigia algumas concessões no roteiro como a inclusão de músicas e um espaço maior para o romance entre os principais personagens. O público que lotava os cinemas para assistir filmes de western naquela época queria ver pistoleiros durões, duelos em ruas empoeiradas e muita ação, com tiroteios e batalhas entre soldados e nativos. Nada disso havia no filme. O sucesso acabou sendo apenas mediano.
A década de 1940 começou e James Stewart voltou para o tipo de filme que havia se tornado habitual em sua carreira. Atuou no simpático "A Loja da Esquina", no drama "Tempestades d'Alma", no divertido musical em tom de humor "A Vida é uma Comédia" e finalmente no maior sucesso de sua carreira até aquele momento, "Núpcias de Escândalo". Esse filme dirigido por George Cukor tinha um roteiro primoroso e um elenco acima da média, com os imortais Cary Grant e Katharine Hepburn atuando ao seu lado. O ator foi inclusive premiado pelo Oscar. Era o auge, pensava ele. Durante uma entrevista declarou: "Eu cheguei ao pico da minha carreira. Nada mais poderei fazer para superar isso!". Quando o jornalista perguntou sobre a possibilidade dele fazer novos filmes de faroeste, Stewart respondeu: "Eu quero fazer! Tudo o que posso dizer é que ainda não encontrei um roteiro que me interesse. Isso é questão de tempo. Pretendo atuar ao lado de John Wayne em um futuro próximo!". Ele tinha razão sobre isso. Em alguns anos ele faria ao lado de Wayne um dos maiores clássicos do western de todos os tempos.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 26 de agosto de 2024
Pistoleiro do Destino
Embora à primeira vista pareça um faroeste convencional, o que temos aqui é um filme que foge um pouco dos padrões da época, inclusive apostando em um pouco de humor e romance, onde o roteiro não explorava apenas os tiroteios ou os duelos, mas também os problemas criados após o personagem de Cooper ser confundido com um bandido rápido no gatilho. O Melody Jones de Cooper é na verdade um sujeito bem pacato, tímido e introvertido. Esse jeito caladão caía muito bem no tipo de personagem que o ator Gary Cooper costumava interpretar em seus filmes.
Dessa forma o roteiro de Nunnally Johnson tem um jeito diferenciado em relação ao típico roteiro de filmes de faroeste daqueles tempos. Também desenvolve melhor a principal personagem feminina, a destemida Cherry de Longpre (Loretta Young). Esse diferencial foi proposital pois o estúdio estava tentando também atrair o público feminino para assistir ao filme. Uma leve mudança para aumentar as bilheterias. E a presença de Gary Cooper acentuava ainda mais esse apelo junto às mulheres, já que ele era considerado um dos maiores galãs do cinema americano. Alto, boa pinta, com jeito de pioneiro do volho oeste, honesto e confiável, ele fazia suas fãs suspirarem quando iam ao cinema.
Pistoleiro do Destino / Tudo por Uma Mulher (Along Came Jones, Estados Unidos, 1945) Estúdio: MGM / Direção: Stuart Heisler / Roteiro: Nunnally Johnson, Alan Le May / Elenco: Gary Cooper, Loretta Young, William Demarest, Dan Duryea, Frank Sully, Don Costello / Sinopse: Melody Jones (Cooper) é um cowboy íntegro e honesto que passa a ser confundido com um perigoso pistoleiro e criminoso na pequena cidade do velho oeste onde chega após uma longa viagem pelo deserto.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 23 de agosto de 2024
Os Filmes de Faroeste de John Wayne - Parte 11
sábado, 17 de agosto de 2024
Ambição Acima da Lei
Howard Nightingale (Kirk Douglas) é um delegado do Texas com grande ambição política. Pomposo e vaidoso transforma cada prisão que realiza em propaganda para sua campanha. Seu grande objetivo é ser eleito senador do Texas no congresso americano. Para isso viaja de cidade em cidade em sua própria locomotiva ao lado de seu grupo de auxiliares, todos impecavelmente bem vestidos. A grande chance de conquistar muitos votos surge na captura do bandido mais procurado do estado, o ladrão de trens Jack Strawhorn (Bruce Dern). Após eliminar todo o seu bando, Nightingale consegue encurralar o bandido perto de uma cidadezinha do velho oeste. Após a captura o leva para lá e realiza um verdadeiro comício com o evento, com direito a banda de música e tudo. Depois decide levar o criminoso para Austin onde pretende literalmente exibi-lo como troféu pelas ruas da grande cidade, obviamente tentando com isso angariar o maior número possível de votos para sua eleição ao senado. No caminho porém as coisas saem do controle e agora Nightingale terá que provar que não é apenas um político falastrão mas um delegado de verdade.
“Ambição Acima da Lei” foi um projeto muito pessoal do ator Kirk Douglas. Aqui ele atua, dirige e produz um western dos mais interessantes, uma verdadeira crítica à classe política de seu país, onde homens públicos utilizam aspectos inerentes aos seus deveres para única e exclusivamente se auto promoverem. O delegado interpretado por Douglas é um sujeito que se torna extremamente ambicioso em alcançar uma carreira política de sucesso e se distrai de suas verdadeiras obrigações como homem da lei. O roteiro se aproveita para no final o colocar como vítima da ambição de seus homens, o fazendo saborear do próprio veneno. Aliás o clímax de “Ambição Acima da Lei” é um dos mais inteligentes do cinema americano. Muito ácido e corrosivo, expõe as vísceras dos homens públicos de lá. Outro aspecto a chamar a atenção é que o filme foi realizado em 1975, já no ocaso do gênero, com Kirk Douglas bem veterano, mas tentando manter a chama do faroeste acessa. O resultado não poderia ser melhor, um filme inteligente, intrigante e com um raro sabor de crítica social.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 15 de agosto de 2024
Novo Livro sobre Marlon Brando
quarta-feira, 14 de agosto de 2024
Os Filmes de Faroeste de John Wayne - Parte 10
terça-feira, 13 de agosto de 2024
Os Filmes de Faroeste de John Wayne - Parte 9
James Stewart e o Western - Parte 1
Na verdade Stewart amargou um bom tempo como figurante e depois como coadjuvante em filmes de pouca expressão. Sua sorte mudou quando Capra viu nele justamente aquela que era sua maior marca registrada: o jeito e a imagem do homem comum, do trabalhador operário de bom coração. Eram os tempos da grande depressão, a economia americana estava arruinada, com muito desemprego e pobreza. Para o otimista Capra a única forma de levantar a nação era levantando sua autoestima, sua moral. Por isso ele resolveu filmar uma série de roteiros que traziam mensagens positivas ao povo americano, sempre levando seu ânimo, trazendo uma carga única de esperança. Para interpretar seus protagonistas Capra não poderia ter encontrado ator mais ideal. Assim James Stewart começou a virar um astro com "Do Mundo Nada se Leva", uma verdadeira ode ao pensamento positivo. Depois vieram mais clássicos absolutos como "A Felicidade Não Se Compra" e "A Mulher Faz o Homem". Todos esses filmes são verdadeiras obras primas do cinema.
Em busca da mesma empatia outros mestres do cinema resolveram escalar James Stewart em seus filmes, especialmente o mestre do suspense Alfred Hitchcock. Sempre que surgia o personagem do cidadão comum, honesto e trabalhador, que se via numa situação excepcional, o velho Hitch telefonava ao ator sabendo se ele estava disponível. "Festim Diabólico", "Janela Indiscreta" (talvez a grande obra prima ao lado de Hitchcock), "O Homem que Sabia Demais" e "Um Corpo que Cai" são obras primas que por si só já valeriam a imortalidade de Stewart na sétima arte. Isso porém foi apenas uma parte de sua carreira, quando interpretava tipos urbanos em tramas de suspense que até hoje seguem insuperáveis.
Por fim, como se já não bastasse realizar tantos clássicos ao lado de Capra e Hitchcock, James Stewart também brilhou no mais americano de todos os gêneros cinematográficos: o Western. Ele foi um dos mais regulares atores do estilo, participando de inúmeras produções com destaque para os filmes que rodou ao lado de John Ford e Anthony Mann. Com esse último tinha uma relação de amizade e ódio. De todos os diretores com quem trabalhou foi o que mais gostou de atuar, segundo suas próprias palavras. Certamente ao lado de Mann ele não chegou ao ponto de estrelar filmes tão importantes como "O Homem que Matou o Facínora" (considerado um dos dez melhores faroestes de todos os tempos), mas rodou produções que ficaram na memória como "Winchester 73" e "Um Certo Capitão Lockhart". Foi realmente uma dupla inesquecível. Embora tenha concorrido por cinco vezes ao Oscar só foi premiado uma única vez, por "Núpcias do Escândalo". James Stewart faleceu em 1997 deixando uma filmografia realmente inigualável. Provavelmente tenha sido o ator que mais participou de obras primas do cinema ao longo da história. Nesse quesito ele realmente foi único. Nada mal para alguém que se dizia ser apenas um homem comum, com bons sentimentos.
Pablo Aluísio.